Arquivo do mês: dezembro 2009

Um poema às quartas

Coito

Todos os movimentos
do amor
são noturnos
mesmo quando praticados
à luz do dia

Vem de ti o sinal
no cheiro ou no tato
que faz acordar o bicho
em seu fosso:
na treva, lento,
se desenrola
e desliza
em direção a teu sorriso

Hipnotiza-te
com seu guizo
envolve-te
em seus anéis
corredios
beija-te
a boca em flor
e por baixo
com seu esporão
te fende te fode

e se fundem
no gozo

depois
desenfia-se de ti

a teu lado
na cama
recupero a minha forma usual

Retrospectiva 2009 – Filmes

Com o período de festas de fim de ano, o ritmo de novas postagens diminui. Mas como o período é apropriado para fazer um balanço sobre o que pintou neste espaço desde sua inauguração, em junho, vamos lá:

Um filme piegas sobre cachorrinhos. Mas, atire a primeira pedra quem não deu nem uma choradinha: (Marie e Eu)

Um filme poderoso sobre… o que mesmo? Amor, superação e otimismo??? Sem chance: (Paper Planes)

Ah… como esses europeus são deprimidos: (Polaroids Européias)

Benjamin Button? Já vi essa história antes: (De trás pra frente)

Lembra como o Indie era legal? Como faz tanto tempo isso: (Autoparódia)

Que a força (e toda a ideologia moral cristã ocidental) esteja contigo: (Mitologia Georgelucana)

Vampiros bonzinhos e castos, como  bons mórmons: (Literatura ruim é melhor que literatura nenhuma?)

Categorias como “clipping” e “poemas” não terão retrospectiva. Clippings se tratam, em geral, de notícias, que perdem a graça após muito tempo. Poemas continuarão a ser publicados mesmo neste mês de “quase férias”.

O Natal do Sol da Justiça

O Natal do Sol da Justiça

Por Luiz Carlos Ramos*

Mas para vós outros que temeis o meu nome
nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas.

(Malaquias 4.2.)

O Natal e a Páscoa se constituem nas mais importantes solenidades da tradição cristã. O Natal, porque faz referência à encarnação do Salvador divino, na criança humilde de Jesus, filho de Maria, na época em que Herodes Antipas era o tetrarca da Galiléia; e a Páscoa, porque rememora a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, ocorrida no período em que Pôncio Pilatos governava a Judéia.

No entanto, não se trata de mera retrospectiva histórica, mas antes, de atualização celebrativa de um acontecimento salvífico que tem implicações para o presente e é determinante em relação ao futuro daqueles e daquelas que o celebram com fé.

A Páscoa cristã é a festa mais antiga, e já era comemorada no final do primeiro século da nossa era. O Natal é mais tardio, e só se fixou a partir do século IV, mas isso a partir da tradicional celebração do dia de Epifania (6 de janeiro), que já era comemorada em meados do primeiro século.

A Epifania (palavra que significa “manifestação”) era festejada pelos cristãos já no final do primeiro século e início do segundo (a ponto de ficar registrada nos Evangelhos, cf. Mt 2), como a evidência de que o evangelho de Jesus Cristo não era uma exclusividade dos judeus-cristã os, mas uma manifestação da graça de Deus para toda a humanidade. Por isso, recorda-se, nessa festa, a visita dos Magos, que vieram do Oriente para saudar o Deus criança e dar-lhe presentes; bem como o Batismo do Senhor, ocasião em que Jesus se apresenta publicamente como Filho de Deus; e ainda a realização do seu primeiro milagre, na cidade de Caná da Galiléia, pelo qual Jesus inicia publicamente seu ministério.

No contexto romano, do início da nossa era, por influência egípcia, havia uma grande festa popular que, a propósito do solstício de inverno (hemisfério Norte), realizava uma série de rituais dedicados ao deus-sol. Tais rituais eram realizados na expectativa de que o mundo não fosse engolido pelas trevas ameaçadoras do inverno (ocasião em que o sol parecia ficar cada vez mais distante, os dias mais curtos e as noites mais longas). Essa festa era chamada de Adventus Redentoris e Natale Solis Invictus, ou a Chegada do Redendor e Nascimento do Sol Invencível.

Os cristãos, então, “evangelizaram” essa festa, reinterpretando- a à luz dos escritos bíblicos. A justiça divina se alteia sobre a humana, tal como descrito no capítulo 60 do profeta Isaías (a leitura desses 22 versículos descortina para nós o verdadeiro horizonte natalino):

1 Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR nasce sobre ti. 2 Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o SENHOR, e a sua glória se vê sobre ti. 3 As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu. 4 Levanta em redor os olhos e vê; todos estes se ajuntam e vêm ter contigo; teus filhos chegam de longe, e tuas filhas são trazidas nos braços. 5 Então, o verás e serás radiante de alegria; o teu coração estremecerá e se dilatará de júbilo, porque a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas das nações virão a ter contigo. 6 A multidão de camelos te cobrirá, os dromedários de Midiã e de Efa; todos virão de Sabá; trarão ouro e incenso e publicarão os louvores do SENHOR. 7 Todas as ovelhas de Quedar se reunirão junto de ti; servir-te-ão os carneiros de Nebaiote; para o meu agrado subirão ao meu altar, e eu tornarei mais gloriosa a casa da minha glória. 8 Quem são estes que vêm voando como nuvens e como pombas, ao seu pombal? 9 Certamente, as terras do mar me aguardarão; virão primeiro os navios de Társis para trazerem teus filhos de longe e, com eles, a sua prata e o seu ouro, para a santificação do nome do SENHOR, teu Deus, e do Santo de Israel, porque ele te glorificou. 10 Estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão; porque no meu furor te castiguei, mas na minha graça tive misericórdia de ti. 11 As tuas portas estarão abertas de contínuo; nem de dia nem de noite se fecharão, para que te sejam trazidas riquezas das nações, e, conduzidos com elas, os seus reis. 12 Porque a nação e o reino que não te servirem perecerão; sim, essas nações serão de todo assoladas. 13 A glória do Líbano virá a ti; o cipreste, o olmeiro e o buxo, conjuntamente, para adornarem o lugar do meu santuário; e farei glorioso o lugar dos meus pés. 14 Também virão a ti, inclinando-se, os filhos dos que te oprimiram; prostrar-se-ã o até às plantas dos teus pés todos os que te desdenharam e chamar-te-ão Cidade do SENHOR, a Sião do Santo de Israel. 15 De abandonada e odiada que eras, de modo que ninguém passava por ti, eu te constituirei glória eterna, regozijo, de geração em geração. 16 Mamarás o leite das nações e te alimentarás ao peito dos reis; saberás que eu sou o SENHOR, o teu Salvador, o teu Redentor, o Poderoso de Jacó. 17 Por bronze trarei ouro, por ferro trarei prata, por madeira, bronze e por pedras, ferro; farei da paz os teus inspetores e da justiça, os teus exatores. 18 Nunca mais se ouvirá de violência na tua terra, de desolação ou ruínas, nos teus limites; mas aos teus muros chamarás Salvação, e às tuas portas, Louvor. 19 Nunca mais te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a lua te alumiará; mas o SENHOR será a tua luz perpétua, e o teu Deus, a tua glória. 20 Nunca mais se porá o teu sol, nem a tua lua minguará, porque o SENHOR será a tua luz perpétua, e os dias do teu luto findarão. 21 Todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado. 22 O menor virá a ser mil, e o mínimo, uma nação forte; eu, o SENHOR, a seu tempo farei isso prontamente.

Como o calendário dos primeiros séculos eram muito rudimentares, a data não era precisa e podia variar entre 21 de dezembro e 6 de janeiro. Com o passar do tempo, essa festividade foi adquirindo contornos mais claros, e convencionou- se o dia 25 de dezembro como sendo o dia do nascimento de Jesus e o dia 6 como o ápice da festa, culminando com alusão à visita dos Magos.

Os que criticam a comemoração do Natal, acusando-o de ser uma festa pagã, devem ser advertidos de que não há uma única festa religiosa sequer que seja absolutamente genuína e exclusivamente cristã.

E não deixa de ser curioso o fato de que parece haver menos resistência a certas comemorações, às quais não há referência bíblica explícita (do tipo: Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Dia do Índio, Dia da Pátria) do que àquelas com ampla fundamentação nas Escrituras (tais como: Natal, Páscoa e Pentecostes) .

O entendimento das efemérides depende do olhar do intérprete: para uns (aqueles que crêem que os poderes “do mundo” são mais fortes que o “reinado de Deus”), trata-se da paganização do cristianismo; para outros (que crêem na força transformadora do Evangelho), trata-se da cristianização do paganismo. A questão está na fé de quem lê a realidade.

A relação entre o Natal e a Páscoa pode ser mais bem compreendida se traçarmos um paralelo entre os elementos comuns e os contrastantes que ligam as duas festas:
• Jesus nasce numa gruta emprestada em Belém — e é sepultado num túmulo emprestado por José de Arimatéia;
• Comemora-se a noite de Natal, que remete ao Sol da Justiça, em pleno inverno — e a manhã da Páscoa, que a celebra lua-cheia da primavera
• Jesus nasce no inverno que é símbolo de morte — e morre na primavera, que é símbolo da vida
• Ao nascer, é colocado numa manjedoura de madeira — para morrer é pregado numa cruz igualmente de madeira
• Pastores pobres testemunham sua chegada — malfeitores crucificados testemunham sua morte
• Anjos cantores anun¬ciam seu nascimento: “glória a Deus nas alturas e paz na terra…” — anjo anuncia¬or anuncia a Maria Madalena sua ressurreição: “ele não está aqui, mas ressuscitou”;
• A virgem, no nascimento — a pecadora (Maria Madalena), na ressurreição;
• Visita dos magos do Oriente, na Epifania, — e testemunhas de todo o “mundo conhecido”, no Pentecostes;
• 25 de dezembro (Natal) é data fixa, no entanto, pode cair em qualquer dia da semana — enquanto a primeira lua-cheia da primavera (Páscoa), que é data móvel (podendo ocorrer entre 21 de março e 23 de abril), é celebrada sempre no domingo mais próximo;
• O Natal tem influência pagã (egípcia) — a Páscoa tem origem Judaica (e que marca a libertação do Egito);
• O Natal é precedido de quatro semanas de preparação, chamado período do Advento — a Páscoa é antecedida por quarenta dias de oração, chamados Quaresma;
• A festa do Natal se estende até a Epifania, que se refere à manifestação de Deus a todas as nações que vêm ao seu encontro — a festa da Páscoa se estende até o Pentecostes, ocasião em que os discípulos (igreja) saem ao encontro das nações para anunciar-lhes as “maravilhas de Deus”, dirigindo-se a elas em suas diferentes línguas maternas.

Trata-se, portanto de um tempo que foi transformado, não meramente pelas palavras, mas pela Palavra, no dia em que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai (Jo 1.14).

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*Luiz Carlos Ramos é pastor metodista – fonte http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=1740

Carol Service

O Carol Service (ou “Nine Lessons and Carols“) é um ofício religioso da tradição anglicana para a celebração do natal. É composto por nove leituras bíblicas (ou “lições”), intermeado por por cânticos corais e por cânticos congregacionais.

Os corais ingleses são tradicionalmente formados apenas por homens, tendo as vozes agudas feitas por crianças.

Eu participei de dois carol services, promovidos pela Catedral Anglicana de São Paulo, Cultura Inglesa e pelo British Council. Um com a participação do coral da Catedral de Salisbury e outro com o coral da Catedral de Durham.

É um momento de rara emoção. Ao vermos o natal ser reduzido a uma farra consumista e hedonista, onde a figura de Cristo e seu nascimento, o evento principal, são completamente apagados pelos meios de comunicação, reservar alguns momentos para recolhimento, canto, meditação e oração faz muito bem à alma.

O “Nine Lessons and Carols” mais famoso é o que acontece na capela do King’s College na véspera de natal, e é transmitido todos os anos pela BBC.

Carol Service


Once in Royal David’s City


The Truth from Above

Primeira Lição: Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás. Genesis 3: 8–15; 17–19


Remember O Thou Man


Adam Lay Ybounden

Segunda Lição: Então, do céu bradou pela segunda vez o Anjo do SENHOR a Abraão e disse: Jurei, por mim mesmo, diz o SENHOR, porquanto fizeste isso e não me negaste o teu único filho, que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos, nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz. Genesis 3: 8–15; 17–19


Angels from the Realms of Glory


In Dulci Jubilo

Terceira Lição: O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz. Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto. Isaías 9:2; 6-7


In the Bleak Midwinter Darke


Unto Us is Born a Son

Quarta Lição: Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo. Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR. Deleitar-se-á no temor do SENHOR; mas julgará com justiça os pobres e decidirá com eqüidade a favor dos mansos da terra; O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar. Isaias 11: 1–3a; 4a; 6–9


The Lamb


Sussex Carol

Quinta Lição: No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria. E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo. Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação. Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim. Então, disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?
Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus. Então, disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra. E o anjo se ausentou dela. Evangelho de Lucas 1: 26–35; 38


I Sing of a Maiden


Joseph and Mary

Sexta Lição: Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se. Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. José também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Lucas 2: 1; 3–7


Sweet Baby, Sleep! What Ails My Dear? (“Wither’s Rocking Hymn)


What Sweeter Music Can We Bring

Sétima Lição: Havia, naquela mesma região, pastores que viviam nos campos e guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite. E um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam, e a glória do Senhor brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor. O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura. E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem. E, ausentando-se deles os anjos para o céu, diziam os pastores uns aos outros: Vamos até Belém e vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer. Foram apressadamente e acharam Maria e José e a criança deitada na manjedoura. Lucas 2: 8–16


Infant Holy, Infant Lowly


God Rest You Merry, Gentlemen

Oitava Lição: Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo. Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes, e, com ele, toda a Jerusalém; então, convocando todos os principais sacerdotes e escribas do povo, indagava deles onde o Cristo deveria nascer. Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim está escrito por intermédio do profeta:
E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar a meu povo, Israel. Com isto, Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com precisão quanto ao tempo em que a estrela aparecera. E, enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide informar-vos cuidadosamente a respeito do menino; e, quando o tiverdes encontrado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo. Depois de ouvirem o rei, partiram; e eis que a estrela que viram no Oriente os precedia, até que, chegando, parou sobre onde estava o menino. E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra. Sendo por divina advertência prevenidos em sonho para não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra. Evangelho de Mateus 2: 1–12


Illuminare Jerusalem


Alleluya, a New Work Is Come On Hand

Nona Lição: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem. O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. Evangelho de João 1: 1-14


O Come All Ye Faithful


Hark! The Harald Angels Sing


In Dulci Jubilo (órgão)

Um poema às quartas

Holy Sonnet – XIV
Batter my heart, three person’d God; for, you
As yet but knocke, breathe, shine, and seeke to mend,
That I may rise, and stand, o’erthrow mee, and bend
Your force, to breake, blowe, burn and make me new.
I, like an usurpt towne, to another due,
Labour to admit you, but Oh, to no end,
Reason your viceroy in mee, mee should defend,
But is captiv’d , and proves weake or untrue.
Yet dearely I love you, and would be loved faine,
But am betroth’d unto your enemie:
Divorce mee, untie, or breake that knot againe,
Take mee to you, imprison mee, for I
Except you enthrall mee, never shall be free,
Nor ever chast, except you ravish mee.

Soneto Sacro XIV

Força meu peito, Deus trino; não é bastante
Que apenas batas, infles, brilhes e o remendes;
Pra erguer-me, me destrua e Tua força empreende
E quebra, sopra, queima; renova-me neste instante.
Qual cidade usurpada de outro governante,
Me esforço em receber-Te, mas, oh!, é em vão;
Seria salvo por teu vice-rei, a razão,
Mas, cativa, se prova infiel ou titubeante.
Inda te amo e seria amado avidamente,
Mas estou prometido pro teu inimigo;
Separa-me, desata ou rompa novamente
Aquele nó; me prenda ou leva-me contigo,
Pois não serei livre, a não ser escravizado,
Nem casto, se não for por ti violentado.

(Tradução: Marcus de Martini)

Uma indústria criminosa global

Estas foram as palavras de Declan Hill, jornalista e autor do livro “Como manipular uma partida de futebol”, para descrever o esporte mais popular do mundo.

Não que denúncias contra o futebol sejam lá alguma novidade. Não são. A alguns meses foi publicado o relatório Money Laundering Through the Football Sector (Lavagem de Dinheiro Através do Setor do Futebol), realizado por uma força-tarefa de fiscalização financeira, que percebeu que o futebol tem sido há tempos utilizado por organizações criminosas para lavar dinheiro e financiar o crime.

Mas agora o jornalista acrescenta detalhes picantes nas atividades pouco honestas perpetradas nos campos de jogo:

O que está por trás da corrupção no futebol europeu


O jornalista Declan Hill mergulhou nos meandros mafiosos das apostas e dos jogos manipulados. (Reuters)

Cada dia que passa traz mais revelações: o suposto escândalo dos jogos manipulados, que também atinge a Suíça, ganha proporções inimagináveis.

“Você ainda não viu nada”, prevê, portanto, o canadense Declan Hill, autor de um livro sobre as apostas esportivas ilegais.

O suposto escândalo dos jogos manipulados que abala o esporte europeu e suíço não surpreende Declan Hill. Jornalista independente, o canadense realizou uma vasta investigação para sua tese de doutorado na Universidade em Oxford, que o levou até à Ásia, onde as tríades mafiosas orquestram essa rede tentacular do mercado de apostas esportivas, movimentando bilhões de dólares por ano.

Autor do livro “Como manipular uma partida de futebol”, lançado no ano passado pela editora Florent Massot, ele revela as engrenagens dessa máquina e solta uma verdadeira bomba, afirmando que quatro jogos da Copa do Mundo de 2006 foram manipulados.

swissinfo.ch: Declan Hill, esse caso dos jogos manipulados na Europa e na Suíça o surpreende?

Declan Hill: De forma nenhuma! E eu posso mesmo dizer que você ainda não viu nada. Nessas duas próximas semanas, uma grande quantidade de novos jogos manipulados serão revelados em outras ligas europeias, na Inglaterra, Itália, França e Espanha.

swissinfo.ch: Justamente, como é possível manipular uma partida?

D.H.: No século passado, toda uma série de esportes como o remo ou as competições de atletismo foram atingidas pelas apostas ilegais. O futebol estava, até então, relativamente protegido. Vinte e dois jogadores, os árbitros, os cartolas e ainda o público que assiste aos encontros, tudo isso complica evidentemente as coisas. Podemos dizer que manipular uma partida é, em todo caso, possível. Para isso, é necessário, no mínimo, corromper três ou quatro jogadores da equipe mais fraca.

swissinfo.ch: Você falou a equipe mais fraca?

D.H.: Sim, pois se uma equipe fraca perde de propósito, ninguém suspeita. Seus jogadores ganham, em princípio, salários mais baixos e, portanto, são mais fáceis de subornar. Isso também vale para as grandes competições internacionais. As mais vulneráveis são as seleções da América Latina, África e Europa do leste. A prova? Durante a Copa do Mundo de 2006 na Alemanha, os quatro jogos manipulados seriam os de Gana (contra o Brasil e a Itália, ndr.), Equador (contra a Inglaterra) e Ucrânia (contra a Itália).

swissinfo.ch: Em todo caso é necessário encontrar esses jogadores e depois atraí-los com uma isca?

D.H.: Em uma partida fraudulenta, existe de um lado o mercado dos apostadores e, de outro, o mundo do futebol. É raro que os contatos entre as duas partes sejam diretos pois existem os intermediários entre os corruptores e os jogadores. Esses intermediários são ex-treinadores ou ex-jogadores que estão procurando ganhar dinheiro depois de terminada a carreira. Eles gozam de uma boa reputação e têm acesso fácil às suas presas.

swissinfo.ch: No seu livro, você também fala do recurso a prostitutas. Como é isso?

D.H.: Durante minhas investigações, muitas coisas me impressionaram mas, sobretudo, duas. A primeira foi a presença patente de corruptores nos grandes torneios internacionais como a Copa do Mundo, o Mundial feminino ou as Olimpíadas. A segunda foi o recurso ao sexo de certos grandes clubes europeus em favor dos árbitros, um fenômeno presente nesses últimos anos e que todos os dirigentes e pessoas do meio do futebol conheciam. Ao chegarem ao hotel, os árbitros sabiam que em meia-hora as meninas estariam lá.

swissinfo.ch: Por que essas apostam vêm da Ásia?

D.H.: O mundo dos apostadores e quase mais difícil de corromper do que o do futebol. Então as organizações criminosas agem onde há mais oportunidades. Na Ásia, o mercado é três vezes maior do que na Europa. Talvez isso seja até subestimado, mas continua enorme e ilegal. Não me surpreende que, nessas condições, todos os apostadores, incluindo também os europeus, encontram seu paraíso.

swissinfo.ch: Os apostadores asiáticos colocam centenas de milhares de francos sobre uma partida da segunda divisão suíça, entre Gossau e Yverdon. Não existe algo de estranho nisso?

D.H.: Isso ocorre na Suíça, mas não só aqui. A Bélgica, a Finlândia ou a República Tcheca conhecem o mesmo fenômeno. É difícil acreditar que os asiáticos se divertem em manipular jogos de segunda divisão com 200 torcedores e a milhares de quilômetros de distância. Mas o mercado de apostas ilegais é gigantesco na Ásia. Estima-se que ele movimenta 400 bilhões de dólares. Seus atores estão sempre dispostos a procurar novas oportunidades.

E ainda existe algo mais inquietante do que uma segunda divisão suíça. Doravante eles apostam em alguns campeonatos europeus de juniores disputados por adolescentes de 16 anos. Tenho inclusive uma anedota que resume bem a situação. Lembro-me de um encontro na Malásia com um rapaz que trabalha para as máfias locais. Esse cara conhecia tudo, mas tudo sobre o futebol islandês. Um verdadeiro especialista: ele me recitava os nomes dos clubes de primeira divisão, dos quais eu nem sabia da existência, mas também os das equipes de vilarejos com menos de cinco mil habitantes. Ele também era imbatível no futebol feminino.

Vincent Chobaz, Pascal Dupasquier/La Liberté, swissinfo.ch
(Adaptação: Alexander Thoele)

Sobre o relatório de lavagem de dinheiro, o blog Jogo de Negócios, do jornalista e publicitário Fabio Kadow, escreveu este excelente post: Lavanderia Futebol Clube: esporte tem dinheiro do tráfico e corrupção

Seus

Jorge Camargo é um compositor, cantor e violonista evangélico. Mais que isso. Dono de uma bela voz grave e aveludada, musicista virtuoso e autor de algumas das mais belas canções evangélicas do Brasil (isso antes da música cristã ter caído na vala comum do gospel de qualidade musical sofrível e qualidade lírica lamentável), sendo hoje junto de João Alexandre, Gulherme Kerr e outros poucos um oásis no mar de obviedades e banalidades do mercadão gospel.

Para o atual momento do ano, celebrações natalinas, Jorge compôs uma de suas mais tocantes canções. “Seus”, baseado no movimento nº 12 do Oratório “O Messias“, de Handel: Um menino nos nasce, um filho se nos deu.

Para se desligar do consumismo desenfreado que se tornou esta época do ano.

Thank God its Friday – Melograno Uno

O blogueiro e gastrônomo, especialista em cervejas, Edu Passarelli prestou durante vários anos um excelente serviço à cultura cervejeira brasileira. Afinal, com um imenso mercado subaproveitado e sendo mal tratado ora à base de cervejas industriais de má qualidade, cheias de arroz, milho e outros cereais menos nobres na sua composição, ora com cervejas ditas “premium” cujo sabor sequer de longe se parece com uma cerveja de qualidade, a carência por informações e referências era imensa.

Isso aliado a um grande número de pequenas cervejarias lançando suas boas produções e pequenas importadoras trazendo bons rótulos propiciou um “boom” no mercado, com várias pessoas se interessando por sair do lugar comum e buscar novos sabores no mercado.

Mas, eu disse “prestou” um bom serviço, e não “presta”? Por que? Bem… o Edu lançou-se em um outro empreendimento, também muito útil para promoção da cultura cervejeira. Além de ter se tornado praticamente uma referência sobre cervejas especiais, o que gerou um sem número de convites para programas de rádio, tv, revistas, jornais e outros veículos, o Edu abriu o Melograno – Forneria e Empório de Cervejas.  Mas desde que passou a se dedicar a seu restaurante e a outras investidas midiáticas, o blog não é mais atualizado com tantas degustações, receitas e novidades como antes. Fazer o que… não há tempo para tudo 🙂 Voltando ao Melograno. É um simpaticíssimo restaurante na Vila Madalena cujo diferencial, além dos belos sanduíches feitos com massa de pizza assados no forno a lenha, é sua extensa e didática carta de cervejas.

Não é a maior (perde em número de rótulos para a quase enciclopédica carta do FrangÓ) mas é a melhor justamente por ser didática. Explica cada estilo e sugere “harmonizações”, combinações de comida e cerveja que realçam o sabor de ambos (harmonização é um conceito bastante caro aos interessados em vinho, mas bastante recente aos interessados em cerveja).

Pois ao completar um ano de atividade o Melograno presenteou seus clientes com um novo produto: a cerveja Melograno Uno.

Melograno, em italiano, significa romã, nome dado graças a uma bela romãzeira localizada nos fundos do restaurante, no ambiente a céu aberto. Para homenagear a casa e a fruta, o Edu juntamente com o Alexandre Bazzo, da Cervejaria Bamberg, desenvolveram essa deliciosa ale feita com fermentos belgas e romã. Os fermentos propiciam o característico aroma das ales belgas, e a romã confere à cerveja um toque cítrico bastante pronunciado, com o sabor da fruta bastante presente, inclusive com o azedume que marca seu sabor.

Porém é uma cerveja fácil de beber. Tem 6,6º de álcool e é bastante refrescante, apropriado a esta época do ano. A cor é vermelho-amarronzada e tem espuma de baixa duração.

A questão é que é uma cerveja especial para o restaurante, sendo o Melograno o único lugar onde  é possível comprá-la. E é uma cerveja sazonal. Aliás, talvez seja uma produção única (ou seja, acabou, bau bau…). Vale a visita e vale provar a cria da casa.

Um poema às quartas

Infância pra quê? O importante é consumir

Na minha jornada diária na blogosfera topei com este texto no blog “Escreva, Lola, Escreva“:

INFÂNCIA PRA QUÊ? O IMPORTANTE É CONSUMIR

Foco na criança para criar consumidores pra vida toda.
Vi no YouTube um documentário muito bom, Consuming Kids: The Commercialization of Childhood (Crianças Consumidoras: A Comercialização da Infância – tem até legenda em português!). Os dados são alarmantes e comprovam o que já vimos no documentário brasileiro Criança, a Alma do Negócio, sobre o mesmo tema. Nos EUA, existem 52 milhões de pessoas com menos de 12 anos. Elas consomem 40 bilhões de dólares por ano. Mas o mais importante é que elas influenciam diretamente os pais no consumo de mais de 700 bilhões de dólares por ano. Essa quantia astronômica representa o PIB dos 115 países mais pobres juntos. Um mercado gigantesco.

E, pra explorá-lo, nada como não ter nenhuma regulamentação. No final nos anos 70 houve discussões no congresso americano para ver se se bania a propaganda pra crianças. Foi testemunhado por especialistas que toda propaganda para crianças de 8 anos para baixo era enganosa, já que uma criança não tem como entender o caráter persuasivo dos comerciais. Logicamente, uma regulamentação dessas iria contra o sistema capitalista do “cada um por si”, e na crença de que todos são responsáveis pelas decisões que fazem, e que existe um deus-mercado ético que se auto-fiscaliza, sem a interferência do diabo-governo. Reagan sepultou qualquer regulamentação de qualquer coisa, com sua política de que o governo não é a solução pros problemas do mundo, e sim o problema. Antes do congresso votar contra a regulamentação, o mercado infantil crescia 4% ao ano (que já era alto). A partir dos anos 80, com a total liberdade dos publicitários para fazer o que quisessem, passou a crescer 35% ao ano. Transformers é daquela época, um símbolo de um programa que foi criado apenas para vender brinquedos. Tartarugas Ninjas é outro: o filme em si era só um pretexto, um comercial em tela grande, feito unicamente para envolver o lançamento de mais de mil produtos. E, lógico, foi Guerra nas Estrelas que começou tudo isso uns anos antes. George Lucas já disse que não é um cineasta. É um fabricante de brinquedos.
Quando uma criança vê seu brinquedo preferido falar e se mexer, cria uma conexão sentimental com esses personagens (bom, o que a propaganda faz com os adultos, associando carros com oferta de mulheres pros homens, e qualquer coisa com autodepreciação pras mulheres, também é pura chantagem emocional). A criança vai dormir com seu personagem favorito estampado nos lençóis (ou seja, literalmente dorme com ele), veste camisetas com ele, usa cadernos com ele. Suas mochilas e lancheiras seguem o mesmo padrão. Fica bem fácil colocar aquela estampa em todos os outros produtos do supermercado.
Texto completo (recomendável) aqui.”

 

O assunto, nesta época do ano de comercialismos exacerbados (se bem que, com o ano todinho fragmentado em “datas comemorativas” como o carnaval em fevereiro, páscoa em março, dia das mães em maio, dia dos namorados em junho, dia dos pais em agosto, dia das crianças em outubro e natal em dezembro – fora reveillon, copa do mundo e halloween, qual época do ano não é de “comercialismo exacerbado”?) já tinha sido levemente tocado neste post, onde comentei sobre a formação de consumidores, não de leitores, através da nova literatura infanto-juvenil.

Falando sobre uma revolução

Houve uma época onde a revolução era vista como ideal possível, não como utopia. Após a convulsão dos anos 60, com as conquistas dos direitos civis nos EUA, a mobilização dos estudantes na Europa, a guerra do Vietnã começando a aparece com toda sua realidade no Oeste, muitos imaginavam que chegaria o dia onde a verdadeira revolução seria implementada. Poder para o povo.

Hoje resta o cinismo. Ou, segundo Zizek, a impossibilidade da luta senão nas pequenas brechas que a realidade hegemônica nos permite, dada a indestrutibilidade do atual sistema.

Mas estas canções são da época onde era possível sonhar com um outr mundo.

John Lennon – Power to the People

Patti Smith – People Have the Power

Tracy Chapman – Talkin ‘ bout a Revolution

Thank God it’s Friday – Eikbier Porter

Depois de provar a ótima Eikbier Red Ale, tomei a Eikbier Porter. O padrão porter que tenho em minha memória gustativa é a fantástica Colorado Demoiselle, uma fantástica porter feita com adição de café, o que lhe confere um aroma e sabor torrados fantásticos. E mesmo frente a tão imponente parâmetro a Eikbier não se saiu mal não.

Tem bom aroma torrado, que lembra café e chocolate (leve), sabor de malte torrado e lúpulo e corpo médio. Boa formação de uma espuma marrom e é marrom escura no copo. Tem  4,7º de teor alcoólico. Excelente cerveja, de harmonioso conjunto.

Como já falei anteriormente, é bem possível tomar excelentes cervejas consumindo apenas produtos nacionais. A desvantagem é que com uma produção em escala limitada, os preços são pouco competitivos. Mas vale muito a pena conhecer as novas e boas cervejarias artesanais brasileiras.

Um poema às quartas

Annus Mirabilis

Sexual intercourse began
In nineteen sixty-three
(which was rather late for me) –
Between the end of the Chatterley ban
And the Beatles’ first LP.

Up to then there’d only been
A sort of bargaining,
A wrangle for the ring,
A shame that started at sixteen
And spread to everything.

Then all at once the quarrel sank:
Everyone felt the same,
And every life became
A brilliant breaking of the bank,
A quite unlosable game.

So life was never better than
In nineteen sixty-three
(Though just too late for me) –
Between the end of the Chatterley ban
And the Beatles’ first LP.

Annus mirabilis

Só começou a haver sexo
em mil nove e sessenta e três
(Para mim, tarde de mais) —
Entre o fim do interdito
De Lady Chatterley’s Lover
E o primeiro LP dos Beatles.

Até então, tinha sido
Uma espécie de regateio
Por uma aliança e um parceiro,
Vergonha que tinha início
Ao chegar aos dezasseis
E alastrava sem freio.

E de repente, acabou:
Sensações iguais p’ra todos,
E cada vida a tornar-se
Por igual, sem distinção,
A sorte grande; um jogo
De fortuna e sem azares.

Não há vida como após
Mil nove e sessenta e três
(Para mim, tarde de mais) —
Entre o fim do interdito
de Lady Chatterley’s Lover
E o primeiro LP dos Beatles.

(tradução de Rui Carvalho Homem)

Quer ser técnico de futebol?

E você, amigo, quer ser técnico de futebol e não sabe como?

Seus problemas acabaram. A Universidade Federal de Viçosa, que edita a interessantíssima revista virtual “Revista Brasileira de Futebol” está oferecendo um curso de extensão em regime semi-presencial (dois módulos) de especialização em futebol.

Aqui estão os detalhes:

“Prezado Assinante da Revista Brasileira de Futebol.

Inicialmente gostaria de agradecer seu interesse por nossa Revista.

Estamos chegando perto dos 16.000 acessos. Algo que supera completamente nossas expectativas, e sua participação é importante para atingir este resultado.

Estamos trabalhando para lançar ainda este ano o segundo número que em breve estaremos informando.

A Revista Brasileira de Futebol foi criada derivada do curso de Especialização em Futebol da UFV, assim que aproveitamos a oportunidade para fazer um convite.

Você deseja aprimorar seus conhecimentos no futebol?

Faça seu curso de especialização em futebol na Universidade Federal de Viçosa, uma das mais conceituadas do Brasil, e que tem tradição no envolvimento acadêmico no futebol.

A quinta turma do curso será realizada em módulos (janeiro de 2010 e julho 2010), em dois períodos de três semanas, com imersão total de 390 horas de futebol.

Veja o diferencial de nosso curso:

1) Aulas práticas de futebol relacionadas com preparação física, técnica, tática, fisiologia do exercício e informática aplicada

2) Equipe de professores doutores e profissionais que trabalham nos principais clubes do futebol brasileiro.

3) Excelente estrutura física.

4) Viagem acadêmica visitando centros de treinamento em MG e RJ.

5) Entrega de CD com artigos científicos de futebol.

6) Contato com profissionais de alto nível no meio do futebol.

7) Turma com alunos oriundos de diferentes estados do Brasil o que possibilita uma troca de incrível de experiência profissional.

8 ) Possibilidades de estágio em clubes ou centros de referência

Coordenação do prof. Dr. João Carlos Bouzas Marins

Faça já sua inscrição. Confira as informações no site do curso:
http://www.ufv.br/des/futebol
Informações complementares escreva para: futebol@ufv.br
Tel.: 31 38992249 – 31 99653195

Aguardamos sua visita!”

Ajude a divulgar a REVISTA BRASILEIRA DE FUTEBOL

WWW.RBFUTEBOL.COM.BR

Além dos estudos, há a oportunidade de se passar seis semanas no aprazível interior mineiro. Quem puder não perder, não perca.

Quem a Igreja tem que salvar?

Este texto, escrito pelo amigo e estudante de teologia na Faculdade da Igreja Metodista Francisco Thiago, aborda de maneira bastante simples mas sagaz o complexo relacionamento entre a institucionalização do cristianismo (e seu consequente monopólio da relação entre Javé e os homens) e sua tarefa missionária.

Na falta de tempo para escrever algo sobre o tema (tenho alguma coisa mais ou menos engatilhada sobre a universalidade de Cristo e a individualidade da salvação) fica aqui a dica para o curto artigo, o blog e tudo o mais que esse rapaz arretado e sua patota escrevem.

“Quem a Igreja tem que salvar?

A princípio esta questão parece inadequada. Igreja não salva ninguém, é o discurso que muitos mantém. Discurso esse que não se torna prática.

Hoje nesta madrugada estava lendo um dos textos do Frei Tito de Alencar onde ele dizia:

“Nós [a Igreja] não existimos para salvar as almas, mas para salvar as criaturas, os seres humanos vivos, concretos, no tempo e no espaço bem definidos.”

Evidente que esta “alma” a que Frei Tito se refere está apoiada no conceito Platônico atribuido a ela. A interpretação do senso comum de salvação. Salvação = Morar no céu.

Esquecendo um pouquinho Paulo (se é possível) e fixando o olhar apenas no movimento de Jesus, eu não vejo menções à figura da Igreja e a necessidade dela para se obter a tal “Salvação”. As condições que Jesus faz estão sempre ligadas à sua pessoa. “Quem vem a mim”, “ninguém vem ao Pai senão por mim”, “para que todo aquele que nele crê” e assim por diante.

No entanto, com o passar dos anos e a institucionalização da Igreja, o Cristo que vagava errante pelas terras desérticas da Palestina, passou a ter endereço e patrão: A Igreja. A Igreja apossou-se de Cristo de tal forma que fica difícil definir se a Igreja é de Cristo ou se Cristo é da Igreja. Neste processo, o alto clero instalou catracas na porta do céu e cobra o seu pedágio para entrada. Seja dinheiro ou o seguimento de alguns rituais.

O que quero dizer é que, pelo que percebo, a Igreja tem se preocupado em mandar as pessoas para o céu. Mostrar as pessoas “a verdade” de modo que, longe do engano, elas possam seguir o caminho certo para o céu. Mas não foi isso que Jesus disse. Ele não disse que todo aquele que crer na Igreja será salvo.

Por outro lado, seguindo o pensamento do Frei Tito, pergunto: O quê tornaria a Igreja diferentes de uma mãe – que educa o seu filho no caminho que lhe parece certo – e de uma ONG? Penso nas celebrações. Mas até as ONG tem suas comemorações de fim de ano. Seria então a profecia a vocação divina que distinguiria a Igreja de uma ONG? Evidente que não quero desmerecer a ação social da Igreja. De modo algum! Penso que a luta pela salvação do corpo é ponto pacífico. Estamos discutindo o “Foco” missionário.

A missão da Igreja seria, então, levar o “Evangelho”? Bom, precisamos discutir de qual evangelho vamos falar. Seria o da prosperidade? O do “Cristo Rei”? Seria o Evangelho do Cristo revolucionário, quase uma versão marxista de Gandhi? O do “Deus malvadão que manda todo mundo pro inferno” ou seria o “Evangelho do Deus que é uma coisinha quentinha”?

Vendo este esforço por uma sociedade justa, onde todos são iguais e não existem mais crimes ou corrupção e a Igreja tenha tão somente motivos para celebrar e os profetas possam tirar férias, penso nos movimentos milenaristas que remontam o séc. XVI. Homens que deram suas vidas em troca de um ideal revolucionário para estabelecer o Reino de Deus na terra.

Veja: Estamos falando de obras; de “coisas” que podem serem feitas pelas nossas mãos. Se o Reino de Deus pode ser estabelecido através de uma revolução, o que o torna Reino de Deus e não de Alá, ou de Buda, ou de Gandhi? A confessionalidade dos revolucionários? Volto a evocar a sempre presente questão da correlação: Se trocar o nome Jesus por Genésio, qual seria a diferença?

Mediante esta reflexão, fico pensativo e acredito que é bem provavel que Amós Oz tinha razão. A fonte da intolerância religiosa é a minha vontade de salvar o outro, ainda que ele “não queira” ser salvo. E como salvação sempre é God’s Bussiness me pergunto o que ou quem a Igreja deve salvar?”

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