No último dia 12/07 assisti ao badalado Marley e Eu. É o tipo de filme que eu não assistiria de livre e espontânea vontade jamais. Na verdade assisti em uma sessão com os alunos da escola de inglês onde eu leciono em um projeto muito legal chamado Escola No Cinema onde pudemos levar nossos alunos a uma sessão no Espaço Unibanco na Augusta, em São Paulo.
Voltando ao filme. É o típico filme que eu, do alto do meu pedantismo pseudo-crítico literário, diria ser piegas, forçado, manipulativo e ideológico (marxistamente falando). E, de fato, é. O filme, principalmente a partir do momento do sacrifício do cãozinho até seu sepultamento, é um festival de lágrimas artificialmente criadas através da trilha sonora, do prolongamento das cenas sentimentais e do uso exaustivo das técnicas do melodrama. Uma pieguice sem tamanho.
Isso se eu não tivesse adotado um cão a poucos meses.
Na verdade minha esposa pegou a Marie, então um filhote de menos de dois meses, na rua, onde havia sido jogada juntamente com dois irmãozinhos, dentro de um saco embaixo do pneu de um carro estacionado. O carro saiu e esmagou os outros dois cachorros. A Marisa pegou o filhote sobrevivente, levou pra veterinária e ao chegar em casa me deparei com o cachorro. Como havíamos conversado na noite anterior sobre adotarmos um (ela comentara sobre um daqueles horrendos pugs, credo) pensei que ela se antecipara a mim e conseguido o cachorro.
E desde então temos a Marie conosco. Agora é uma cachorra de quase oito meses. Ao assistir o (chatíssimo) filme, não pude evitar rir das cenas que quem não tem um cão não consegue entender. Tanto nas cenas onde o labrador ganhou a alcunha de “pior cão do mundo”, como nas onde explicita-se a formação da relação sentimental que se forma entre o cão e o dono. Além da enorme semelhança nas destruições, há a constatação de que a Marie só não é a pior cachorra do mundo primeiramente por não ser grande e forte como um labrador e também por não ficar dentro de casa o tempo todo. Assim não há como comer o estofado da sala de estar.
Falando em labrador, minha primeira tentativa de adotar um cão foi a alguns anos, quando adotamos Vênus, uma cadela labrador preta. O nome foi em homenagem à tenista Venus Williams, como nossa labrador, negra, linda e forte. Na época foi impossível permanecer com ela e a doamos para uma família, que a levaria para uma casa de campo após ter permanecido conosco por aproximadamente um mês.
Mas hoje ficamos com nossa cadela SRD (sem raça definida: eufemismo para vira-latas), que em sua corrida para tirar do falecido Marley a posição de “pior cão do mundo” dependurou-se pelos dentes no fio da máquina de lavar, arrancando-o da tomada totalmente destroçado. Ela terá muitos anos pela frente para conseguir este título.