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Primeiro passo na UCL

Então vamos documentar a caminhada do Tottenham Hotspur na UCL.

Primeiro passo foi dado: bom empate contra o forte Werder Bremen fora de casa.

Enjoy!


Werder Bremen v Tottenham Hotspur
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Quem ousa, faz

O ano (futebolístico) finalmente começou para o Tottenham Hotspur. Depois de dar um susto na sua torcida, ratificou a passagem para a fase de grupos da Uefa Champions League com uma categórica vitória de 4 x 0 nos Young Boys da Suíça e com isso puseram suas mãos sobre um bilhete premiado de £ 30 milhões, que é o aumento de faturamento provocado pela participação no torneio de clubes mais rico do mundo.

Daniel Levy, que de bobo não tem nada, se recusou a abrir a carteira antes da confirmação da vaga. E, pensando bem, para que abrí-la mesmo? Afinal, o Tottenham gasta somas vultosas de dinheiro a várias temporadas, sempre com o objetivo de qualificar o elenco para entrar no clubinho dos que jogam a UCL. Depois de torrar altas somas com Modric, Gomes, Corluka, Bentley, Palacios, Woodgate, Defoe, Bassong, Crouch, Pavlyuchenco e vários outros, o clube consolidou-se como um dos mais fortes elencos da Inglaterra. E mesmo assim o Levy protagonizou algumas das mais inteligentes movimentações nessa janela de transferências. Trouxe Pletikosa, goleiro croata do Spartak Moscou, para cobrir as eventuais ausências do Gomes (contar com Cudicini não dá), Gallas, sem custo de contratação algum, para reforçar a defesa e Van der Vart, por apenas £ 8 milhões, numa transação de última hora.

E é bom mesmo reforçar o elenco. Pois a concorrência pelos quatro primeiros postos no campeonato inglês será acirrada. Se Chelsea e Manchester United parecem disputar um campeonatinho particular, no qual ambos os clubes se revezam na primeira posição (tem sido assim desde 2006), as duas últimas vagas será brigada por Tottenham, Liverpool (que dificilmente conseguirá ser tão ruim quanto foi na temporada anterior), Manchester City (com uma hiper-ultra-mega injeção de dinheiro vindo dos poços de petróleo do Golfo Pérsico) e Arsenal, sempre comedido nas transferências e sempre contando com a astúcia do Arséne Wenger.

O quanto irá durar essa aventura européia dos Spurs é difícil saber. Até pelo grupo complicado no qual caíram. Se a Inter-it parece ter garantida a vaga para a próxima fase, os Spurs terão uma luta dificílima contra o Werder Bremen.

Mas o sonho, acalentado desde tanto tempo, e que quase se concretizou em 2006, quando uma diarréia coletiva tirou meio time titular e baqueou a outra metade na última partida da temporada (perderam o jogo e a vaga para os arquirrivais Arsenal), se concretizou. Resta saber se Harry Redknapp, um técnico “boleiro”, que sabe motivar e tirar o melhor de seu elenco mas não é exatamente um gênio tático, tem em suas mãos uma máquina mais potente que sua capacidade de pilotá-la.

O talento venceu a mourinização

No início da copa eu havia conjecturado que a influência de Mourinho e sua hiper-retranca, vitoriosa na última Liga dos Campeões com a Internazionale, haveria de fazer escola. Ou ao menos que seria a influência maior nesta Copa do Mundo. Não estava sozinho. O comentarista da ESPN e editor do site Trivela, Leonardo Bertozzi, havia (de forma muito mais suscinta, como convém a um comentário de 140 caracteres) dito o mesmo.

Pois a previsão caiu por terra, ainda que parcialmente.

É verdade que na fase de grupos um grande número de equipes usaram a forte retranca, a defesa compactada em duas linhas de quatro, às vezes cinco, com um ou dois homens para puxar o contra-golpe e isso deu resultado muitas vezes. A Suíça, em sua surpreendente vitória contra a Espanha, é prova disso. Mas não só. Outras equipes se basearam na força de sua defesa contra ataques mais poderosos e se deram bem.

Mas não foi um novo paradigma tático o que desmontou as retrancas. Foi o talento. E a necessidade. Em um torneio de pontos, as retrancas podem fazer com que equipes fracas roubem pontos das fortes. E num torneio de partidas eliminatórias essas equipes fracas podem até conseguir empurrar a decisão das partidas para as prorrogações e disputas penais. Mas isso certamente não é o suficiente para garantir um título.

Nas quartas-de-finais houve uma grande celebração ao futebol ofensivo, com equipes que se baseavam na força defensiva tendo caído nas fases anteriores, como Coréia do Sul, Japão, Eslováquia e outras. E mesmo equipes que se caracterizaram pela pegada de marcação, como o Uruguai, Gana e Paraguai, mostraram possuir talento para se lançarem ao ataque.

Gana, que se defendeu muito bem contra Sérvia, Alemanha e Austrália, sem ter demonstrado competência ofensiva, partiu pra cima dos EUA, um time também muito técnico e que soube anular a Inglaterra anteriormente, e venceu merecidamente. Merecia ter vencido o Uruguai por ter imposto maior volume de jogo, mas não dá pra não se emocionar com a partida épica que os celestes fizeram. Mesmo o Paraguai, o mais defensivo dos times nas quartas, conseguiu incomodar a Espanha.

Mas as semi-finais representaram a vitória do talento. Espanha, Holanda, Uruguai e Alemanha. Cada time conta com vários atacantes de talento, técnica e habilidade. Enquanto a Espanha tem o artilheiro da Copa e os melhores meias do mundo (Villa, Iniesta, Xavi), a Alemanha surpreendeu com seus jovens velocíssimos e mortais (Müller, Özil) e seus veteranos decisivos (Klose, Podolski). Uruguai jogou com a habilidade de Forlán, com a força de Cavani, com a volúpia de Abreu, e não pode contar com o artilheiro Suarez. E a Holanda tem em Kuyt, Van Persie, Robben e seu maestro Sneijder a esperança (e realidade) de gols.

A final reúne uma pragmática mas ainda muito habilidosa Holanda contra o time da posse de bola, passes, dribles e inventividade que é a Espanha. A um ano eu disse que o que a Espanha representa hoje, o Brasil representou em 1982. O futebol que encanta o mundo. Não encantou na Copa, mas até pegar a Alemanha, não havia enfrentado uma única equipe que tivesse a ousadia de atacá-los. Todos os adversários anteriores se fecharam na defesa e se contentaram em perder de pouco. A Alemanha pagou o preço da ousadia.

Quem ganhar será merecido. Como seria merecida a chegada da Alemanha à final (que time que enfia quatro na Inglaterra, na Argentina, ganha de Gana e massacra a Austrália não mereceria a final?). Mas, não importando quem leve a taça, quem ganhou mesmo é o futebol.

A “mourinização” do futebol

Há quem diga que a tragédia do Sarriá, a derrota do Brasil frente a uma Itália que jogava fortemente postada na defesa e apostando nos contragolpes, foi a principal responsável pela predominância do futebol-força, que valoriza a preparação física, a solidez defensiva e a disciplina tática, em relação ao chamado “futebol-arte”, que valoriza a posse de bola, o drible, o improviso e o talento individual.

Claro que um único evento não pode ser considerado o único causador, mas serve como momento-chave de uma mudança de paradigmas históricos.

Pois bem. Após dois anos de valorização de futebol bonito, ofensivo, de posse de bola e que visa o gol, simbolizados pelas conquistas de Manchester United de Rooney, Tevez e Ronaldo frente ao pragmático e sólido Chelsea de Avran Grant, e no ano seguinte a vitória do avassalador Barcelona que jogava no ultra-ofensivo 4-3-3 com um volante, dois meias e três atacantes (Messi, Eto’o e Henry) sobre o mesmo Manchester United, eis que o vitorioso desta edição da Liga dos Campeões da UEFA praticava extamente o oposto dessa filosofia.

A Internazionale ensinou o caminho das pedras. Travou o Barcelona, que nesta temporada continuava tão insinuante, ofensivo e avassalador quanto na anterior. Ao anular as principais peças ofensivas de seu adversário, Mourinho armou a arapuca que derrubou os catalães e executada à perfeição, também vitimou os bávaros na final.

Pois bem. A lição foi ensinada. E, parece, aprendida. A primeira rodada da Copa do Mundo de 2010 foi a rodada com a menor média de gols de toda história. Equipes com razoável técnica, mas com excessiva disciplina tática, vigor físico e dedicação conseguiram fazer frente a equipes bem mais técnicas e habilidosas.

Enquanto França e Uruguai se anulavam, oferecendo praticamente nenhuma oportunidade ao adversário para marcar, o que se viu em partidas como Camarões x Japão e Sérvia x Gana foi a lição de Mourinho dando certo outras vezes. Segundo o comentarista Paulo Vinícius Coelho, o Japão foi o time que jogou mais agrupado até então na Copa. E Gana, com muita força física e disposição, derrotou uma Sérvia que se viu sem alternativa alguma naquela partida.

A Costa do Marfim, time que conta com razoáveis recursos técnicos, jogou esperando Portugal a partida toda, sem se lançar ao ataque antes de meados da segunda etapa. Ronaldo simplesmente não apareceu.

Mas o melhor (ou pior) ainda estava por vir.

A Espanha começou contra a Suíca avassaladora como o Barcelona. A troca de passes, veloz e precisa, a posse de bola que batia nos 65% e a movimentação faziam parecer que os ibéricos confirmariam seu favoritismo e que o gol seria questão de tempo. Mas ao passar do tempo ficou claro que havia incrível dificuldade dos espanhóis converterem em chances de gol sua melhor técnica e posse de bola. Um contra-golpe acabou com a invencibilidade da Espanha.

O Eduardo Cecconi, do blog Preleção, analisa detalhadamente a partida que ruiu as esperanças daqueles que torciam pelo futebol fluido, veloz e envolvente nesta Copa. Acabaram as esperanças? Não necessariamente, muito embora a Sérvia tenha batido outro prego no caixão do futebol ofensivo ao bater a Alemanha hoje pela manhã. Afinal, Argentina e Holanda continuam a jogar ofensivamente. Resta saber até quando resistirão.

Se este título da UCL e esta copa representarão uma mudança de paradigma tático, ou então, um esgotamento das fórmulas táticas atuais, com a percepção de que há ferramentas existentes que permitem a anulação de qualquer força ofensiva, como também demonstrou a frágil Coréia do Norte frente a um pouco inspirado Brasil, ainda não sabemos. Mas certamente o ano de 2010 no futebol pertence a Mourinho.

Adeus ao velho Palestra

Foi neste sábado a despedida do Velho Palestra. Despedida melancólica, pois de um lado o time está esfacelado em campo, sem identificação com a torcida, sem garra, sem padrão de jogo. De outro, a suicida e mal-intencionada oposição política do clube torpedeia todas as iniciativas, para que a atual gestão não leve os créditos pela modernização do clube.

Justamente por isso houve tão poucas iniciativas da diretoria do Palmeiras para alavancar o marketing, para transformar a partida em um evento único, que marcasse a vida do torcedor e ainda o inspirasse e ajudasse a passar esses próximos dois anos sem sua casa.

Ainda assim a torcida compareceu em um número maior que o esperado. 18.365 palmeirenses acompanharam a partida de despedida do mais antigo estádio de futebol ainda em atividade no Brasil.

O Palestra Italia é o melhor estádio de São Paulo para vivenciar a experiência do futebol. Primeiramente, está muito bem localizado, pois está próximo da Estação Barra Funda, que atende a Linha 3 do Metrô (Barra Funda-Itaquera), a linha Diamante da CPTM (Amador Bueno-Julio Prestes) e a linha Rubi da CPTM (Francisco Morato-Luz). Essas linhas integram com as linhas Esmeralda da CPTM, Verde do Metrô, Amarela d Metrô e ainda com as futuras linhas Laranja e Prata do Metrô. Ou seja, é o estádio de mais fácil acesso via transporte coletivo. Nos arredores do Palestra Italia há dezenas de bares onde a torcida se reúne horas antes da partida para comer, tomar uma cerveja antes da partida e fazer o aquecimento. Outros estádios como o Morumbi e o Pacaembu não dispõe de estabelecimentos ao redor.

Fará falta o velho Palestra.

Mas estive lá. Na despedida do Palestra eu, o meu irmão Caio e o Alessandro “Grilão” estivemos presentes na vitória sobre o Grêmio por 4 a 2.

Fotos históricas do evento:

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Mas nem tudo é nostalgia ou passado. Há de se olhar para o futuro, sempre. Então, para inspirar a espera, o que nos aguarda:

Termina lá, começa aqui

A temporada está terminando na Europa. A Inglaterra já conhece seu campeão, o Chelsea, em uma temporada surpreendentemente emocionante. Emocionante não pelo fato de ter sido decidida na última rodada entre Chelsea e Manchester United, afinal esses dois times ganharam os últimos seis campeonatos. Mas pelo fato de ter sido finalmente quebrado o chatíssimo clube do Big Four. Tottenham e Manchester City disputaram até a penúltima rodada a vaga na próxima UEFA Champions League, e até o Aston Villa aspirou tal feito. A entrada do Tottenham no Top 4 é auspiciosa por dois motivos: primeiro, porque o time ganhará cacife financeiro para continuar evoluíndo e até quem sabe galgar mais um degrauzinho na tábua de classificação. Segundo porque inevitavelmente o City fará parte desse clubinho em uma ou duas temporadas, já que os árabes não pouparão petrodólares para turbinar seu brinquedo. Portanto, isso garante pelo menos seis clubes brigando, não apenas quatro.

Na Alemanha também terminou. O Bayern Munique levou na última rodada e o Shalke 04 terminou como vice (grande novidade). A UCL verá além dos dois rivais o Werder Bremen, que bateu um Bayer Leverkusen que foi do céu ao inferno em dois meses, passando de líder para quarto colocado em uma sequência incrível de maus resultados.

Itália e Espanha conhecem seus campeões neste fim de semana, com Inter e Barcelona favoritos, enquanto Roma e Real Madrid correm por fora. França também já tem o Olympique Marseille como novo campeão (algo que não ocorria a 18 anos). A primeira edição da Europa League conheceu seu primeiro campeão, o Atletico de Madri que batera o Fulham. Agora algumas copas nacionais serão definidas, além da grande final da UCL no Santiago Bernabeu.

Pois bem. Enquanto a temporada da Europa termina em clímax, com finais, campeões, coroações e todos os torcedores de futebol se preparando para a Copa do Mundo que iniciará em apenas 27 dias, no Brasil começou o Brasileirão.

Brasileirão que começa auspicioso. As duas partidas que assisti, Flamengo 1 x 1 São Paulo e Botafogo 3 x 3 Santos foram excelentes. Além disso outros times mostraram boa capacidade de fazerem boas campanhas, como o Atlético Mineiro e o Corinthians. Palmeiras venceu, mas mostrou muitas falhas e certamente lutará pelas posições intermediárias. Ou como disse o comentarista Paulo Vinícius Coelho, o time espera apenas o ano terminar. Isso no início da temporada.

Mais anticlimático, impossível. Enquanto lá a temporada termina no auge apenas aguardando a cereja no bolo futebolístico, lá na África do Sul, aqui o nosso estúpido calendário conseguiu a proeza de quebrar a Copa Libertadores e a Copa do Brasil, que terão a semifinal antes da Copa do Mundo e a final depois. Separadas por incríveis quarenta dias. O pior não é isso. O pior é ver o campeonato brasileiro interrompido após sete rodadas. Depois, quarenta dias para desmontar os elencos, saír às compras atrás dos refugos da Europa, trocar de técnico, treinar (coisa que nossa imbecil pré-temporada de doze dias não permite) e começar tudo do zero.

O compasso de espera é tamanho que os dois últimos campeões brasileiros entraram em campo com times mistos, um dos maiores clássicos do Brasil formado por duas fortes equipes que disputam a Libertadores também teve uma profusão de reservas (Inter x Cruzeiro) e até times que teoricamente jogam para não cair, ou no máximo para ficar em situação intermediária, como o Atlético GO ou o Vitória pouparam jogadores. O Grêmio enfrentou o Atlético GO também com time misto e empatou em zero a zero.

Após um primeiro semestre extremamente congestionado de datas, com estaduais hiperinchados, Copa Libertadores, Copa do Brasil e sete rodadas do brasileirão, haverá uma maratona de jogos após a copa, com dez rodadas em 32 dias, e aí começa a Sul Americana, para prejudicar a temporada de alguns times, que abandonarão a disputa do continental ora porque lutam por vaga no G4, ora porque não querem cair para a segunda divisão.

Calendário racional com uma confederação formada por bandidos e desonestos, com uma televisão que consegue dobrar até a prefeitura e a câmara de vereadores de São Paulo para impor o horário das partidas para que elas não prejudiquem suas novelas, com clubes covardes e subservientes e cartolas vendidos e corruptos, infelizmente nunca veremos.

Se antes eu julgava não necessário a adequação do calendário brasileiro ao europeu, hoje eu penso diferente. Acho necessário essa harmonização por vários motivos. Primeiro, porque permiria que os clubes brasileiros participassem do rico mercado de torneios e amistosos de pré-temporada na Europa, Ásia, América do Norte e África. Este expediente permite que Manchester United, Chelsea, Barcelona e Milan ampliem cada vez mais sua base de torcedores/consumidores e eles faturam cada vez mais alto com venda de produtos. Segundo porque permitiria a harmonização do calendário de clubes com o de seleções. Nós não mais teríamos nossos campeonatos prejudicados por Copa América, Copa das Confederações, Copa do Mundo. Também os melhores clubes não seriam mais penalizados por terem seus jogadores convocados pela seleção, coisa que acontecerá agora, com Flamengo perdendo o Kleberson e o Fierro, o Santos perdendo o Robinho e outros.

Infelizmente, nós torcedores de futebol somos obrigados a termos um produto meia-boca graças à incompetência gerencial, pois potencial há para ser um dos três ou quatro melhores e mais rentáveis futebol do mundo, junto de Inglaterra, Itália, Alemanha e Espanha. Mas os medíocres matam a galinha dos ovos de ouro (sempre) por pura ganância.

P.S. Aqui há uma série de textos escritos sobre o tema do calendário brasileiro de futebol.

P.P.S. Aqui há uma proposta fictícia de calendário, criada por mim em uma tarde. Isso mostra que se gente séria fizesse isso, haveria grande possibilidade de termos um calendário decente. Mas não há gente séria administrando o futebol brasileiro.

O gol de 30 milhões de Libras

Este é o valor que o Tottenham Hotspur pode embolsar, caso consiga participar da fase de grupos da UEFA Champions League.

audere est facere

E os rapazes fizeram.

Tottenham Hotspur na UEFA Champions League 2010/2011.

O país do futebol?

Na semana passada me indignei com um absurdo sintoma do doente e combalido futebol brasileiro: o aluguel de times de futebol. E nem estava me referindo aos novíssimos times de prefeituras, de agentes e empresários (embora estes sejam a metástase do fenômeno do aluguel de times de futebol), mas dos times do interior que, por disputarem um calendário quebrado e desconexo, não possuiam mais elenco, montando um time a cada quatro ou seis meses, abandonando categorias de base e servindo de vitrines de empresários.

Mas há outros aspectos que me intrigam nessa nossa cultura futebolística, na cultura do auto-intitulado “país do futebol”.

Um fenômeno interessante atual é a torcida por times estrangeiros.  Fenômeno impulsionado pela internet, tvs por assinatura e video-games, além de uma estratégia de marketing excelente que transforma os clubes europeus em marcas globais que competem num mercado mundial ávido por futebol e que nossos clubes, graças a nosso calendário imbecil , não podem participar. Mas o interessante é que essa torcida “virtual”, torcida por um time que não faz parte do espaço geográfico do torcedor (portanto, só podendo ser exercida “virtualmente”, através dos meios de comunicação), é um fenômeno bastante anterior no futebol brasileiro.

Afinal, na década de 50, com a expansão do rádio e dos programas de integração nacional, o futebol carioca se transformou num fenômeno de massas. Sobretudo no nordeste. Em muitas cidades do nordeste existem mais torcedores de Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo que de seus clubes locais. Há também o fenômeno do “torcedor de dois times”, o gajo que torce pelo time de sua cidade e também pelo time do “sul”. E há os engraçadíssimos “filhotes”, como o Botafogo da Paraíba, o Flamengo do Piauí e o Fluminense da Bahia. Esquecendo-se que Flamengo e Botafogo são nomes dos bairros onde tais clubes foram fundados e que Fluminense é o nome que se dá ao nascido ou habitante do Estado do Rio de Janeiro.

Mas isso não se restringe ao Nordeste. No interior de São Paulo há mais torcedores dos clubes da capital que dos clubes das cidades interioranas. No norte do Paraná há muitos torcedores de Palmeiras e Corinthians, enquanto no sul do Paraná e em Santa Catarina há muitos torcedores de Grêmio e Internacional.

Ora, sem torcida, como esperar que o futebol do interior do Brasil sobreviva? Não há time que se mantenha sem torcedores que comprem seus ingressos, suas camisas, seus produtos licenciados. Mas muitas vezes o interiorano prefere a experiência de se torcer por um grande e vitorioso time da capital a se ligar ao clube de sua cidade.

Portanto, clubes como Cardiff City, Watford, Middlesbrough e Leicester City, todos da segunda divisão inglesa, conseguem levar público médio em torno dos 20.000 por partida, enquanto Santos, Santo André, Botafogo e Goiás, todos times de grandes e populosos centros e disputando a primeira divisão, não chegam nem nos 15.000 pagantes.

Ora, se a cereja do bolo, a primeira divisão, não atrai um público decente, o que dizer dos times pequenos do interior do Brasil?

Tanto que 17 dos 20 clubes da série B do Brasileirão tiveram média de público inferior aos 10.000 torcedores.

Sim, é verdade que o processo de “virtualização” da torcida não é um fenômeno unicamente brasileiro. Tanto que a Juventus de Turin tem, estimadamente, cerca de um terço dos torcedores italianos como seus simpatizantes, e Manchester United e Liverpool tem mais torcedores na Inglaterra que moradores em suas cidades. Mas o fenômeno do abandono dos times locais pelos times mais glamourosos é bem mais evidente no Brasil.

Portanto, embora atraiam a antipatia geral, há de se dar ouvidos a jornalistas esportivos que não consideram o Brasil como O país do futebol. É o país onde se joga o melhor futebol, mas argentinos, italianos, ingleses e alemães gostam mais do esporte que a maioria de nós, brasileiros. Tanto que na mais recente pesquisa sobre torcidas no Brasil, 25% da população se declarou não torcedora de nenhum clube e que não gostam de futebol. Brasileiro, na verdade, não gosta de futebol. Gosta do seu time. E brasileiro não gosta de esporte. Gosta de torcer pelo vencedor. E esse fenômeno explica a “febre” do tênis durante o auge do Guga Kuerten e depois seu abandono, a “febre” da ginástica olímpica na época de Daiane dos Santos, para depois espezinhá-la e debochar dela ao não conseguir uma medalha olímpica, da “febre” da Fórmula Um na época de Senna e Piquet, seguida do deboche que beira o mau-caratismo em relação ao Barichello (outros países tiveram pilotos que ganharam menos, como o italiano Ricardo Patrese ou o austríaco Gerhard Berger, sem que eles fossem tão vitimados pela própria população).

Aluguel Futebol Clube

O especialista em calendário esportivo no Brasil Luis Felipe Chateaubriand afirma constantemente que uma temporada de futebol de sucesso deve ser racionalmente construída de maneira que seja otimizada nos seus aspectos técnico, comercial e sistêmico. Um calendário que privilegie o aspecto técnico é aquele que permite que os atletas tenham férias, pré-temporada (uma ilusão no Brasil) e tempo para treinar sem comprometer sua saúde. O calendário comercial ideal é o que garante aos cerca de 700 clubes profissionais jogos oficiais em cerca de dez dos doze meses do ano (os outros dois meses são o de férias e o de pré-temporada). E o aspecto sistêmico é o que é alinhado ao calendário mundial, sem conflito de datas com as datas de seleções e que permita que a competição principal (no caso, o Campeonato Brasileiro em suas séries A, B, C e D) seja disputado preferencialmente aos fins de semana enquanto os dias de semana são reservados às competições continentais (Libertadores e Sulamericana), regionais e à Copa do Brasil.

Não precisa ser lá tão astuto assim para perceber que o calendário brasileiro está longe, bem longe  de ser bom. Quanto mais ideal.

Enquanto um time europeu de um grande centro (Itália, Alemanha, Inglaterra, Espanha) joga cerca de 65 partidas por ano disputando três ou quatro competições (uma ou duas copas, a liga nacional e um torneio continental), um clube brasileiro disputará dez partidas a mais, caso chegue nas fases finais dos torneios. É uma carga bem maior para o atleta, ainda mais em um país ainda não habituado a rotação de elenco como são os europeus. E a coisa é pior, pois em geral há um excesso de jogos no primeiro semestre, com o estadual, a Copa do Brasil ou Libertadores e o início do Brasileiro colidindo e impedindo que um time se dedique integralmente às competições, e uma falta de jogos no segundo semestre. E os times que jogam a Sulamericana geralmente a abandonam, pois em geral disputam posições importantes no Campeonato Brasileiro e não possuem elenco para duas competições simultâneas. Um trabalho de asno, esse calendário da CBF.

Porém, o péssimo calendário gera uma distorção ainda maior. Como o Brasileirão começa a pegar fogo só por volta de junho, muitos empresários colocam seus atletas em times do interior de SP, MG e RJ para disputarem o estadual e depois os colocam em algum outro time para disputar o Brasileiro. Com isso, muitos times do interior não tem mais elenco. Esses times alugam alguns jogadores por alguns meses, depois desmancham o elenco, buscam outros atletas e disputam as séries inferiores (isso se disputarem) do Brasileirão. E o atleta passa a ser uma espécie de “trabalhador por contrato temporário”, jogando neste ou naquele time em época de pico, como os temporários contratados pelas lojas na época do natal.

Como esperar que o torcedor do interior tenha o mínimo de identificação com o clube de sua cidade ou com o atleta que veste a camisa de seu time, sabendo que o cara não irá ficar no time por mais de quatro meses? E que o time, na verdade, não existe, mas é uma espécie de camisa alugada por alguns empresários apenas para manterem sua mercadoria (os jogadores) se movimentando para não perder valor de mercado? Não dá, né.

Não por acaso, times tradicionais do interior do Brasil, como o Botafogo de Ribeirão Preto,  o Noroeste de Bauru, a Ferroviária de Araraquara e centenas de outros começam a perder espaço para times artificiais sustentados por empresários como o Atlético Sorocaba do Reverendo Moon, o Guaratinguetá, o Desportivo Brasil e o Grêmio Itinerante (já foi Barueri, agora é Prudente e o que será, ninguém sabe). São times que não tem e não terão torcida. São apenas criadouros de jogadores para serem negociados.

Enquanto seus donos saem por aí dizendo serem uma evolução esportiva, na verdade são o sintoma do sucateamento promovido pela CBF e pelas federações. Pois diferentemente dos clubes que são empresas na Europa ou mesmo as franquias esportivas nos EUA, esses clubes ganham dinheiro com aquilo que seria uma atividade-meio do futebol, a venda de jogadores , e não com a atividade-fim dos clubes de futebol, que é a disputa esportiva (e o eventual lucro que se obtem de patrocínios, transmissões, vendas de produtos e ingressos).

A CBF, enquanto sucateia o futebol brasileiro, ainda enche seus bolsos (e o do Ricardo Teixeira e de seus comparsas) com ele. Uns vampiros, por assim dizer.

A propósito. O Luis Felipe Chateaubriand já escreveu diversos livros sobre o calendário de futebol, entre eles “Futebol Brasileiro: Uma Proposta de Calendário“. Um livro de fácil leitura, claro e com propostas bastante factíveis. Uma leitura agradabilíssima para qualquer fã de futebol. Embora mesmo em sua simplicidade, os asnos que dirigem a CBF não foram capazes de absorver.

P.S. Aqui, mais uma série de postagens sobre o calendário (ou a falta de) do futebol brasileiro.

Será que é desta vez?

A temporada 2009/2010 da Premier League está particularmente emocionante. Três clubes disputam o título: Manchester United, Chelsea e Arsenal (que a despeito de ter perdido pontos neste fim de semana, tem a tabela mais tranquila dos três), garantindo briga até o finalzinho. E diferentemente dos anos anteriores, o clubinho dos quatro parece ter sido quebrado.

A última vaga para a UEFA Champions League está aberta e sendo disputada a foice por Tottenham Hotspur, Manchester City, Liverpool e Aston Villa. E eis a grande surpresa. O time atualmente mais credenciado a levar a vaga é o Tottenham. Um time com grande torcida em Londres, concentrada na zona norte, famoso por ter um futebol bonito e ofensivo mas com uma sala de troféus bem pouco populosa. Aliás, o último título nacional (dos dois) conquistado pelo Tottenham Hotspur foi em 1961.

Isso tudo e ainda a eterna fama de amarelão. O time joga bem, joga bonito, mas quando chega na hora do vamo-ver, o time refuga e entrega. Foi  o que aconteceu na temporada 2006, quando chegou na quarta posição até a última rodada mas teve um surto de desinteria (comida estragada) que fez com que o time perdesse a derradeira e decisiva partida, perdendo a tão sonhada vaga para a UCL na última rodada justamente para seus inimigos mortais, o Arsenal (também da zona norte).

Depois de algumas temporadas tentando adotar uma gestão futebolística “moderna”, tentando inovar diante de uma cultura conservadora e pouco afeita a novidades como a inglesa, o presidente Daniel Levy voltou a adotar a forma “britânica” de ver o futebol. Nas temporadas anteriores o time contratou treinadores do continente (Martin Jol, Juande Ramos), um diretor de futebol para dividir a tarefa do planejamento, investiu pesado mas teve duas temporadas com péssimo início e que só depois de muita luta escaparam das últimas posições. Pois desta vez contrataram o Harry Redknapp. Boleirão. Nada sofisticado. Não afeito a ser um grande tático, mas um administrador de elenco. Mas esse “Joel Santana” cockney levara o modesto Porstmouth ao título da FA Cup. Porque não dar certo no norte de Londres?

Parece estar dando.  O time, que mesmo nas temporadas fracassadas contava com um elenco bem qualificado, parece ter encaixado seu jogo e continua  demonstrando um futebol bonito e bem ofensivo.  Mas diferentemente do 4-3-3 do Arsenal (dirigido pelo francês Wenger), do 4-3-1-2 com meio-campo em losango do Chelsea (dirigido pelo italiano Ancelotti) e do 4-2-3-1 do Liverpool (dirigido pelo espanhol Benítez), o Tottenham joga no inglesíssimo 4-4-2 em linha, com dois meias-centrais (um mais recuado, Palacios, um mais ofensivo, Huddlestone) e dois wingers que jogam quase colados à linha lateral.  E o futebol bonito flue.

Restando seis rodadas (sete para alguns com partidas atrasadas) o Tottenham tem cinco pontos de vantagem sobre o Manchester City, com seu milionário elenco. Embora o Manchester City tenha uma partida a menos, a ser disputada hoje (segunda feira 29/03). O que significa que a vaga pode ser consolidada no confronto direto no estádio City of Manchester. Aston Villa tem 51 pontos em 31 partidas e parece estar perdendo fôlego, como acontecera na temporada anterior. O Liverpool tem os mesmos 54 pontos, mas um jogo a mais que Tottenham e Aston Villa e dois a mais que o Manchester City.

O que pode tirar a vaga dos Spurs é o fato deles certamente enfrentarem a tabela mais complicada, com uma sequência contra Chelsea,  Arsenal e Manchester United (os Spurs  costumam ratear feio diante de times grandes), além do confronto contra o City. Faltam poucas semanas para saber se o velho boleiro conseguiu imprimir uma mentalidade vencedora nos Spurs ou se a velha sina de entregar o ouro na reta final prevalecerá.

Todos os gols da Copa do Mundo – 2006

Ufa. Terminamos com a retrospectiva dos gols das Copas do Mundo desde 1982.

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Parte 6

Parte 7

Parte 8

Parte 9

Parte 10

Parte 11

Parte 12

Todos os gols da Copa do Mundo – 2002

A Copa da Família Scolari, da volta por cima de Ronaldo, da genialidade de Rivaldo, de Ronaldinho Gaúcho esbanjando vigor e magia.

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Parte 6

Parte 7

Parte 8

Parte 9

Parte 10

Parte 11

Parte 12

Parte 13

Parte 14

Os clubes mais ricos do mundo

Saiu a última edição do Deloitte Football Money League.

O relatório que aponta quais são os clubes mais ricos da Europa mostrou algumas modificações no ranking em relação ao ano anterior. Barcelona utrapassa o Manchester United e os dois espanhóis fazem a dobradinha na ponta. Na equipe inglesa o Arsenal ultrapassa o Chelsea, ocupando a quinta posição. E o clube fica mais restrito, só com participantes ingleses, espanhóis, italianos, alemães e franceses, já que o Fenerbaçe, único time de fora desse Top 5, não está mais na relação.

(gráfico retirado do site Olhar Crônico Esportivo – especializado em gestão e finanças do futebol)

Breves comentários:

  • O Manchester United teve aumento do faturamento, mas perdeu sua posição graças à desvalorização da Libra Esterlina frente ao Euro.
  • Há sete clubes ingleses no ranking, contra cinco alemães, quatro italianos, dois franceses e dois espanhóis.

Para efeito de comparação, aqui está o ranking do faturamento dos clubes brasileiros no ano de 2008 (os resultados de 2009 ainda não saíram).

Todos os gols da Copa do Mundo – 1998

Ah, a Copa de Zidane. E da convulsão de Ronaldo. Mas também de belos gols. Ei-los.

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Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Parte 6