O estilo de cerveja número um do Brasil é a pilsen. Todas as principais e mais vendidas cervejas no Brasil são pilsens, da Antarctica à Brahma, Skol, Schin, todas. Bem… pelo menos no rótulo. Isso porque o que o estilo pilsen (seja o bohemian pilsen, da república tcheca, mais amargo ou o german pilsen, alemão, um pouco mais suave) pede é uma cerveja refrescante, de coloração amarela intensa e com aroma herbal de lúpulo e alto amargor.
Definitivamente, nesse mundo de cervejas aguadas, sem amargor, sem nenhum corpo, com levíssimo, quase desaparecido traço de malte e sem aroma nenhum, o que tomamos nos nossos bares e restaurantes passa longe de ser uma pilsen. Basta comparar a Heineken, uma pilsen industrial de larga escala (cerveja de trabalho), mas que no Brasil virou “premium” com outras cervejas.
Nesse mundo de lagers medíocres, sem sabor, sem amargor, sem aroma, algumas cervejarias mais preocupadas com a qualidade de seus produtos lançaram boas opções no mercado. A Bamberg tem sua excelente pilsen. Bem como a Eisenbahn, a Colorado (uma levíssima cerveja, com baixo amargor, mas com muito mais qualidade que o ‘xixi de cavalo’ engarrafado que se vende por aí), a Baden Baden e outras.
Mas a grande pilsen do Brasil não é fruto de uma indústria, mas esforço de uma turma de amigos dedicados à cerveja, a Biertruppe. Formada por Edu Passarelli, dono do Melograno e um dos primeiros no Brasil a escrever sobre cervejas especiais, Leonardo Botto, cervejeiro caseiro do RJ e responsável por algumas das melhores receitas produzidas no Brasil, André Clemente, artista gráfico e criador dos rótulos, e Alexandre Bazzo, dono da cervejaria Bamberg, uma das mais premiadas cervejarias do Brasil. Esses quatro teimosos produziram a Tcheca pela primeira vez em 2008. Depois veio a blond ale belga Saint Nicholas, para homenagear o natal. A última cria da turma é a barley wine Vintage nº1, ainda não disponível no mercado. E em comemoração à Copa do Mundo, a turma relançou sua primeira cria: a Tcheca.
Antes de ser engarrafada ela estava disponível em versão chopp no Melograno. Nesta versão ela era servida sem a filtragem, portanto sua cor era mais turva, com amargor mais pronunciado. Agora ela estará disponível para venda em garrafa em versão filtrada, mais clara, menos amarga e mais herbal.
É disparada a melhor pilsen produzida no Brasil. É refrescante como convém a nosso clima tropical. Mas é amarga. Mais amarga que as suas concorrentes premium (Bamberg, Colorado, Eisenbahn, Baden Baden) e com um aroma muito agradável de lúpulo herbal.
O teor alcoólico está dentro do padrão do estilo (5º) que permite que ela seja bebida em quantidade razoável sem pesar no estômago e nem deixar a pessoa meio aérea, de forma que ela não perceba as qualidades da cerveja.
Se não dá para celebrar a Copa com essa grande cerveja, visto nossa precoce eliminação frente à seleção da Heineken, digo, da Holanda, dá para passarmos alguns meses saboreando uma das melhores crias da cervejaria nacional. Mas tem de correr, pois é uma edição limitada e quando acabar, acabou.