Um dos meus passatempos favoritos, desses de desentupir os canais cerebrais e não pensar em nada, são séries televisivas policiais. E das dezenas de opções que se nos apresentam na televisão, a que eu mais gosto é a franquia Law & Order.
A série original, que entra em sua incrível vigésima temporada (perde só pra Simpsons em sua vigésima primeira) segue a estrutura meio-a-meio. Metade do episódio é dedicado à investigação de um crime. E nesta meia-hora os protagonistas são atualmente a tenente Van Buren e os detetives Cyrus Lupo e Kevin Bernard. Dada a longevidade da série, passaram por ela outros nove detetives (entre eles o Mike Logan, de Law & Order Criminal Intent, feito por Chris Noth, Lennie Briscoe, feito por Jerry Orbach e o capitão Cragen, de Law & Order SVU). Solucionado o caso e descoberto o facínora, entra em cena, na segunda metade do episódio, a equipe da Promotoria Pública de Nova Iorque, encabeçada pelo promotor público Jack McCoy (que já fora assistente de promotoria por longas temporadas) estrelado pelo excelente Sam Waterston e seus assistentes Michael Cutter e Connie Rubirosa. Une duas paixões americanas, o thriller policial e o drama de tribunal, tão bem explorado por John Grishan (A Firma, Dossiê Pelicano) entre outros.
Só que a série foi tão bem sucedida que começou a gerar filhotes. E o primeiro rebento foi Law & Order – Special Victims Unit. Diferentemente da série-mãe, nesta não necessariamente há a divisão exata de investigação e tribunal, podendo ou não haver o desdobramento na corte. Mas sua principal peculiaridade é que as tais “vítimas especiais” são em geral vítimas de crimes sexuais.
Já que não há necessariamente a parte do tribunal (e quando há, a assistente de promotoria é Alexandra Cabot), o elenco dos policiais é consideravelmente maior, atualmente formado pelo já mencionado capitão Donald Cragen (uma característica da série é a migração de personagens de um spin-off para o outro) e pelos detetivos Eliott Stabler e Olivia Benson, esses dois desde o início da série. Além destes, há uma equipe formada por John Munch, Odafin Tutuola (feito pelo rapper Ice-T) além dos legistas, técnicos e psiquiatras. Para quem assiste séries na TV aberta é interessante ver que esta série é a que mais abrigou ex-atores da série de prisão Oz. Além do Christopher Meloni (Stabler), outros ex-participantes da prisão como o nazista Vernon Schillinger e o padre Mukada voltaram para a TV como psiquiatras da Unidade de Vítimas Especiais.
Se o tribunal dá a tônica de Law & Order, e a perversão dos crimes sexuais a de SVU, o segundo spin-off tem por marca a investigação de crimes high-profile: Law & Order: Criminal Intent.
Duas equipes se alternavam na investigação dos crimes que envolviam uma alta dose de empatia, de tentar entender o criminoso através de sua lente: Goren e Eames, de um lado e Logan e Serena Stevens de outro. A questão é que a dupla encabeçada por Goren (Vincent D’Onoffrio) agradava tão mais a audiência que a outra que a solução foi trocar o detetive Logan (Noth mudou-se para a série The Good Wife) pelo estelar Zach Nichols, feito por Jeff Goldblum (A Mosca, Jurassic Park).
Por fim o mais recente filhote de Law & Order é um remake. Law & Order: UK.
Esta é uma versão inglesa de Law & Order, onde a equipe de detetives (na versão americana, Van Buren, Lupo e Bernard) é formada por Ronnie Brooks, Matt Devlin e chefiados por Natalie Chandler, enquanto a equipe da Procuradoria da Coroa é formada por James Steel, Alesha Phillips e George Castle. E os episódios (bem poucos, até agora) são todos remakes de episódios da série Law & Order original.
Novidades? Bem poucas. Mas é interessante e revigorante ver uma série ambientada em outra cidade (além de nos apresentar um novo sotaque) além das já batidas Nova Iorque e Los Angeles. Além, claro, do desafio de transpor os casos já encenados para o sistema legal e processual britânico. Não se trata apenas de se colocar uma peruca nos juristas e ao invés de se tratar o juiz por “your honor” (meritíssimo), tratá-lo por “my lord” ou “my lady” (meu senhor ou minha senhora), além das inúmeras referências à coroa ou à rainha.
Tem sido muito interessante. Tanto que na última quarta foi exibido um episódio que eu, por coincidência, já havia assistido na versão americana. “Hidden“, a história de uma mãe que sequestra a própria filha para chantagear o pai é versão de “Bitter Fruit“.
Mas não para por aí. Há a versão francesa “Paris Contra o Crime“, exibida no Brasil pela GNT, duas versões russas e os desdobramentos já encerrados, como Trial By Jury, Crime & Punishment e Conviction.
Não para por aí. Há a previsão de estréia de Law & Order: Los Angeles. Quem sabe um dia não temos uma série policial de verdade, decente, sem palhaçada ambientada no Brasil?