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Os Deuses no Exílio

O poeta no exílio, Heinrich Heine, produziu uma interessantíssima obra em prosa, cuja classificação é tão difícil quanto é saborosa sua leitura.

Tem pretensão ensaística, sabor romanesco, humor e ironia. Basicamente, trata da expulsão dos deuses olímpicos da Europa com o triunfo do cristianismo. O substrato sério do  texto (que foi publicado em duas versões, uma em francês, onde vivia o poeta, e outra em alemão, cuja publicação demorou por causa da severa censura que Heine recebia em sua terra por causa de suas posições políticas) conta como os deuses foram incorporados no folclore europeu, transmutados em fantasmas, gênios e demônios, opostos à religião cristã. Mas a forma como é narrada a passagem da religião pagã até sua incorporação pelo cristianismo é maravilhosa.

Na versão francesa, mais longa, o autor narra o episódio do acadêmico que busca escrever as “Magnificências do Cristianismo”, uma obra apologética que saiu da pena diretamente para a fogueira por força de um autor que de tão zeloso por rebater qualquer argumento contra suas palavras estuda tão a fundo o lado oposto da arena intelectual que passa a se convencer de sua correção e, por conseguinte, rejeita sua portentosa obra.

As lendas sobre Baco, Mercúrio, Júpiter e Apolo, emolduradas por episódios referentes às fontes que contaram ao autor as lendas, aparecem em ambas as versões. Uma versão da lenda de Venus e Tannhauser está apenas na versão francesa.

O livrinho, com as duas versões, mais o poema “Os Deuses da Grécia” e mais um ensaio crítico para cada uma das versões, é uma delícia de ser lido. Cada texto de Heine termina-se em uma sentada. O que espanta o leitor não é a obra. É o preço. Um livrequinho custa trinta e oito paus. O pessoal da Iluminuras perdeu o senso de realidade.

Democratizar o dinheiro, a terra, a palavra

O Emir Sader é um dos mais importantes pensadores de esquerda do Brasil. Não é pouco, ainda mais ao observar o time das idéias no lado direito do campo, profundamente enfraquecido após a morte de Roberto Campos e Paulo Francis, por exemplo. Afinal, depender de Olavo de Carvalho, um parnasiano fora da realidade que mistura fanatismo religioso com reacionarismo recalcitrante, ou Reinaldo Azevedo (nem dá para citar o bobo-da-corte Diogo Mainardi) é realmente muito pouco.

Mas a pobreza da inteligentsia da direita (embora também não dê para elogiar a produção de esquerda com tanto entusiasmo assim) é até explicável pela total falta de necessidade de haver uma contundente defesa do ideário conservador. Não há. Há um aparato ideológico tão coesamente militante, formado pelos meios de comunicação que tratam de naturalizar o pensamento conservador que o trabalho hercúleo de se desmontar a construção ideológica é dos pensadores de esquerda, não o contrário.

Daí a importância do professor da UFRJ. Ocupa um espaço antes compartilhado com outros nomes da reflexão de esquerda, como o Idelber Avelar . Eu nem sempre concordo com ele. Não que eu discorde de seu radicalismo. Ao contrário. Considero imprescindível  a existência do pensamento radical no campo das idéias, até como uma vacina contra o excessivo pragmatismo eleitoral e governamental. Discordo de sua falta de crítica em relação a Bolívia, considerada muitas vezes como uma alternativa, não como um governo populista e autocrático. Enfim… nada é perfeito…

Mas esta coluna de Emir, publicada no site Carta Maior, acertou na mosca. Ainda mais na época de vuvuzelas midiáticas e cala boca galvão/dunga/tadeu schimidt e outras bobagens na mídia tuiteira.

Democratizar o dinheiro, a terra, a palavra

O problema maior da transição da ditadura à democracia no Brasil é que a democracia se restringiu ao sistema político. Não foram democratizados pilares fundamentais do poder na sociedade: terra, bancos, meios de comunicação, entre outros.

O Brasil da democracia teve assim elementos fortes de continuidade com o da ditadura. A política de meios de comunicação, por exemplo, nas mãos de ACM, o ministro de Sarney, completou a distribuição clientelística de canais de radio e televisão e favoreceu a consolidação do monopólio da Globo – os próprios Sarney e ACM, proprietários de emissoras ligadas à rede da Globo.

Não se avançou na reforma agrária, nem foi tocado o sistema bancário. É como se a ditadura tivesse sido apenas uma deformação de caráter político aos ideais democráticos. Mas nem os agentes imediatos do golpe e sujeitos políticos do regime – as FFAA – foram punidos. Como se tivesse sido “um mal momento”, até mesmo “um mal necessário”, como diriam as elites políticas tradicionais, que seguem por ai.

No entanto o golpe e a ditadura foram extraordinariamente funcionais ao capitalismo brasileiro. O processo que se desenvolvia de democratização política, econômica e social do país não interessava nem aos capitais estrangeiros, nem aos grandes capitais brasileiros. Estes, concentrados em áreas monopólicas, não se interessavam no enorme mercado popular urbano que o aumento sistemático do poder aquisitivo dos salários propiciava, nem no mercado popular rural, a que a reforma agrária apontava.

O eixo da indústria automobilística no setor do grande capital industrial e outros setores que produziam para os setores da classe média, para a burguesia e para a exportação, se coligaram com os golpistas no plano político, para impor, mediante o golpe, um modelo que atacava duramente o poder aquisitivo dos salários.

O golpe os atendeu imediatamente, com intervenção em todos os sindicatos e com a política de arrocho salarial. Foi uma “lua-de-mel” para os empresários, uma super exploração do trabalho, mais de uma década sem aumento de salários, sem negociações salariais. Bastaria isso para entender o caráter de classe do golpe e do regime e militar.

A dura repressão aos sindicatos e a todas as formas de organização do movimento popular contaram com o beneplácito do silêncio dos órgãos de comunicação, que pregaram o golpe e apoiaram a instalação do regime de terror que comandou o país por mais de duas décadas.

A democracia reconheceu o que os trabalhadores – com os do ABC na linha de frente – haviam conquistado: a legalização da luta sindical, junto ao direito de existência de centrais sindicais, a legalização dos partidos, o direito de organização dos movimentos populares, entre outras conquistas.

Mas os pilares do poder consolidado pela ditadura ficaram intocados. Ao contrário, seu poder monopólico sobre a terra, o sistema bancário, os meios de comunicação, se fortaleceram.

Esses temas ficam pendentes: quebrar o monopólio do dinheiro, da terra e da palavra – como algumas das grandes transformações estruturais que o Brasil precisa para construir uma sociedade econômica, social, política e culturalmente democrática.

Postado por Emir Sader às 12:13

Profanar, uma arte

Ler filosofia marxista pode, muitas vezes, ser um exercício árido, por mais que os conceitos sejam importantes . Quem deu uma passadinha por “História e Consciência de Classe“, de Georg Lukács, sabe.

Por isso é sempre necessário se louvar um livro como “Profanações“, de Giorgio Agamben.  Agamben é um típico pensador pós-moderno, que transita entre a crítica literária, crítica cultural, política, direito, teologia, filosofia, sem nunca deixar-se definir. Bem à maneira daquele a quem muitos dizem ser o predecessor de Agamben, Michael Foucault, que de acordo com Fredric Jameson em seu ensaio sobre a pós-modernidade representava o típico pensador pós-moderno, que transita entre as mais diversas áreas do conhecimento, todavia sem se definir por nenhuma delas.

Pois o livrinho (96 páginas) de Agamben é justamente isso. Transita entre a crítica literária (como no ensaio “Paródia”), crítica cultural (“O Dia do Juízo”), teoria política (“Elogio da Profanação”), passando por momentos onde os gêneros de nã0-ficção e ficção se misturam de maneira quase inseparável (“Os Seis Minutos Mais Belos da História do Cinema”) de uma maneira esteticamente admirável.

O ensaio  que dá título ao volume é um admirável esforço conceitual, ao mesmo tempo em que é uma realização estética considerável. Além de apresentar seu conceito de “profanação”, que na teologia significa devolver um objeto ao seu uso original secular (diferentemente de seu uso “sagrado”, que é restrito ao templo, o uso “profano” envolve toda a esfera humana). Nele o filósofo resume aquilo que ele considera a tarefa política das gerações futuras: profanar o improfanável. A religião-capitalismo, que retira do uso corrente as coisas para alçá-las à esfera da contemplação sagrada, fetichista: o consumo.

Tudo que é sólido desmancha no ar

Estou fazendo um novo curso de teoria literária na minha quase interminável faculdade de letras que tem como mote as relações entre o modernismo, vanguardas e a tradição.

8880_500 (capa antiga da obra)

Uma das leituras obrigatórias é o quase mítico livro do crítico marxista Marshall Berman, “Tudo que é sólido desmancha no ar”, que trata do tema da modernidade, modernização e modernismo. Enfim… obrigatório mesmo é a introdução do livro (para o curso – diga-se), mas ele é de leitura deliciosa e fluente. E por acaso, ao navegar pela blogosfera, descobri esse post sobre a experiência moderna de se comprar e ler um livro:

“Tudo que é sólido desmancha no ar

Às teias estava a poltrona, hein? Até que resolvi, pela 40ª vez, sentar-me novamente a ela.

Bem, contarei, hoje uma anedota. Aconteceu comigo mesmo, e com meus amigos que me acompanhavam na jornada.
Estava eu feliz, dinheiro finalmente cai na conta. O que fazer? A mesma besteira consumista do mês passado? Mas, claro que sim. Agora, com um pouco de raciocínio lógico. Quer gastar em papéis? Vá ao sebo.
Fui até a rua da Fnac, Pinheiros, e passei por todos os sebos de lá. Perguntava, Tem Tudo que é sólido desmancha no ar? E tive direito a dois tipos de respostas, Não, está em falta, muita gente procura por ele; Sim, tenho, mas não o encontro. Perfeito. Tive de me redimir às grandes lojas de livros. Na Livraria Cultura, online, eu encontrava o livro por R$27,00. Na Fnac, eu só o teria se morasse no Morumbi.
Passou-se um dia, e me encontro aqui em frente ao computador sem muita paciência para as coisas que realmente deveria fazer (sem ressentimentos). No melhor pernambucanês, estava bulindo na internet e, pausa. Honestamente, eu tenho muito para fazer, mas não sei bem o que acontece que só funciono sob pressão, mal de jornalista, tudo há de ter deadline. Nesses momentos, sinto dó de mim mesma. Quantos amigos trabalham pela manhã, estudam à tarde comigo, e conseguem acompanhar os textos? Enquanto, eu, aqui, tenho a manhã livre, a noite também, e fico perambulando pela internet procurando por coisas supérfluas. Bem, talvez eu deva, agora, agradecer por essa minha falta de vontade. Voltando à navegação pela internet. Encontrei o livro em arquivo de pdf. É isso. Um texto todo de enfeites para dizer que encontrei o livro de Marshall Berman pela internet e DE GRAÇA. Agora, só me resta salvá-lo e imprimi-lo.
Pergunte-me, porém, se estou satisfeita? Não muito. Gosto de passar o cartão na maquininha e correr o risco de não ser aceita. Nem tanto. O livro foi reimpresso pela Companhia das Letras, dona do melhor perfume para papéis já inventado.
MAS, o que uma boa moça não faz por coisas de graça?

Interessou pelo livro?, vai aí o link. Divirta-se

solido(capa atual)

Eis os novos caminhos da experiência da leitura – a desreificação do objeto literário, saíndo do fetiche da mercadoria e migrando pra virtualização do livro.

Copiado do blog Sentada na Poltrona.

A reificação do futebol

Eu gosto pra caramba de futebol internacional. Acompanho o campeonato inglês assistindo as principais partidas transmitidas e os melhores momentos da rodada completa. Assisto também algumas partidas do campeonato italiano e o que dá do campeonato alemão. Não assisto mais porque, afinal de contas, eu também tenho outros centros de interesse, uma vida social e família 🙂 .

Porém uma coisa é acompanhar e assistir os campeonatos onde, em última instância, estão os principais jogadores do mundo (europeus, asiáticos, africanos e sulamericanos). Outra coisa é torcer, ser apaixonado. Torcer, eu torço pelo Palmeiras, muito embora eu tenha diversas preferências futebolísticas espalhadas Europa afora, como a Internazionale (não me esqueço nunca da primeira partida que assisti, do fascínio que aquele lindíssimo uniforme exerceu e do futebol refinado que Karl-Heiz Rummenigge desfilava), o Liverpool FC e o Tottenham Hotspur.

Mas é cada vez mais comum jovens brasileiros se apresentarem como “torcedor do Chelsea”, “torcedor do Barcelona”, “torcedor do Real Madrid” e assim por diante. Estamos diante de um fenômeno que é o de times europeus cativarem adolescentes brasileiros como seus adeptos.

E qual o problema disto?

A priori, nenhum.  Afinal de contas no sudeste asiático e na África, a maior parte da população torce para os times europeus, que brigam por esse mercado com unhas, dentes e fortes estratégias de marketing (como a excursão do Manchester City pela África nesta pré-temporada, ou a do Manchester United na África do Sul, Liverpool por Singapura e China e assim por diante). Mas o que começa a chamar a atenção é o fato de que o Brasil, com uma tradição futebolística sólida e gloriosa, começa a padecer diante dessa concorrência.

E isto é uma mudança de paradigma característico da pós modernidade: a dissolução dos laços de pertença da comunidade. Noções que “cimentam” socialmente uma comunidade como religião, etnia, classe, etc, tornam-se cada vez menos relevantes no mundo da globalização e da comunicação instantânea. Em um passado relativamente próximo um clube cativava uma comunidade geograficamente instalada (Palmeiras na Vila Pompéia, Corínthians na zona leste, clubes de futebol do RJ com o nome de seus bairros com Flamengo, Botafogo etc.), etnicamente restrita (italianos palmeirenses, portugueses vascaínos) e socialmente demarcada (São Paulo FC, o time da “elite” paulistana). Atualmente, muito embora os clubes procurem marcar sua origem como o atual terceiro uniforme do Palmeiras faz menção à cruz de savóia (símbolo da casa real italiana), a diversificação da base de torcedores é disseminada. Todavia, na Europa, principalmente na Inglaterra, a regra ainda é geográfica e social, com torcedores do Tottenham residentes no norte de Londres, do Chelsea na zona oeste, do West Ham na zona leste e assim por diante.

Mas o que realmente salta à vista é que, muito embora questões como pertença a comunidade sejam marcadamente ideológicas,  a escolha do time de futebol a se torcer passa a obedecer critérios mercadológicos e consumistas.

Os processos básicos do capitalismo são a dissolução e a fragmentação. E é o que tem acontecido ao se transformar uma experiência cultural e coletiva da pertença a uma torcida em um consumo individual. Pertencer a uma torcida (não estou falando de torcidas organizadas ou outro tipo de organização – sim da experiência cultural) significa compartilhar valores, expectativas e  emoções com outras pessoas. Significa ter um objetivo em comum, adversário comum. Ir a um estádio de futebol é uma experiência marcante, que envolve reunir-se com outros indivíduos que compartilham os mesmos valores, vivenciar com essas pessoas a emoção do pré, do jogo e do pós-jogo (neste aspecto nenhum estádio da cidade de São Paulo oferece a mesma qualidade que o Palestra Italia, pelo fato de haver uma profusão de bares nas ruas Turiassu, Caiowas, Diana, Caraibas e Padre Chico, onde a torcida se reúne horas antes da partida para beber uma cerveja congelante, comer um sanduíche de pernil ou um cachorro quente, cantar coros de guerra, batucar, se preparar para a partida – infra-estrutura que o Pacaembu e o Morumbi não oferecem) e depois discutir com essas pessoas e com os adversários o rumo da partida. Não é apenas assistir a partida. É mais que isso.

O torcedor de times de outros países, ao consumir o produto ao invés de vivenciar a experiência, é paciente de dois processos: o fetiche da mercadoria e a reificação.

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Fetiche é um termo primeiramente utilizado para se referir a religiões animistas, onde um ídolo (objeto) representa uma divindade, e o cultuador dessa divindade adora o ídolo. Freud utilizou o termo para descrever o comportamento sexual onde a pessoa transfere para uma parte ou para um objeto o foco do desejo, desviando do todo, o que é ao mesmo tempo uma representação e um impedimento. Por exemplo, ao cultuar o pé (podolatria) ou uma peça de lingerie, o fetichista dedica a uma parte ou a um objeto (que ao mesmo tempo representa o corpo feminino e impede o acesso a ele) o desejo que deveria ser, em última instância dedicado ao corpo feminino.

E no capitalismo o fetichismo explica como o consumo de mercadorias ao mesmo tempo representa e impede que o consumidor vivencie experiências significativas. É o caso do executivo que possui uma picape 4×4 cabine dupla e a utiliza para se deslocar de casa-trabalho-casa apenas. O objeto, a picape, representa os ideais de aventura, liberdade, esportividade e radicalismo. O consumidor não vivencia essa experiência, mas consome um produto que a representa.

E a reificação, que é a transformação de tudo em coisa, em objeto, com valor de troca suplantando o valor de uso. Inclusive a experiência da pertença a uma torcida. Ao invés de vivenciar coletivamente, culturalmente a filiação a um time de futebol, atualmente há o consumo de um produto acabado com valor de troca, através da televisão a cabo, da internet e dos produtos relacionados aos times de futebol estrangeiros.

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Quando o jovem compra uma camisa do Manchester United, do Milan ou do Barcelona e afirma sua filiação a essas equipes, está acontecendo um processo semelhante ao processo do consumo de um produto não pelo seu valor de uso, aquilo que ele realmente nos oferece de benefícios, mas com base no fetiche, naquilo que o produto representa, mas não oferece. Está acontecendo um processo semelhante ao do rapaz que compra uma motocicleta baseado nas propagandas que enfatizam a liberdade, o cabelo ao vento, muito embora a utilize para zanzar entre as faixas da Marginal Pinheiros, ou do homem que consome uma bebida não pelo sabor, mas pelo ideal de masculinidade, de sedução e de status que a propaganda vende. O jovem compra, junto com a camiseta e o pacote de TV a cabo a experiência de se pertencer a um time quase imbatível, a atmosfera do estádio sempre lotado que canta sem parar os cânticos de incentivo, a coletividade festeira que celebra os melhores atletas do mundo, só que sem viver a experiência, substituíndo-a por uma coisa, um fetiche.

Nada a se lamentar. Pois processos históricos são inexoráveis. Mas a se constatar. Afinal de contas, muito embora o torcedor de futebol goste de afirmar que sua paixão é irresistível, inexplicável e misteriosa, na verdade não é. É perfeitamente explicável, tanto a do sãopaulino quanto a do barcelonista tupiniquim.

https://sinosdobram.wordpress.com/2009/07/20/futebol-globalizado-aqui-nao/

Nietzsche para fedelhos

Essa eu roubei do blog da Vanessa, A Barata.


 

 A do Dumbo e do Nietzsche pra fedelhos…é de matar!

Encontrei-as aqui.

Arte do jornalista Alvaro Borba – Mais dele aqui.”

Ao ler as tiras do Nietzche para fedelhos, me lembrei de outro lance sério/cômico que descobri na faculdade com a professora de estudos culturais (marxista até a medula): o Dialectics for kids.

Fala a verdade, idealismo alemão nunca foi tão fácil, não?

 

Footballwear com cérebro

Futebol é uma forma de alienação da população, de manipulação ideológica, impedindo o proletariado de se organizar e lutar por sua capacidade de auto-determinação. O futebol é a reedição do mote romano do “pão e circo”, buscando aplacar a busca por direitos e emulando a sensação de pertença e nacionalidade, certo?

Não para os proprietários da Philosophy Football. O site Philosophy Football é uma loja virtual que vende camisetas que fazem a intersecção entre militância política, filosofia e futebol, saíndo da vala comum do jogador que dá entrevistas padronizadas (por suas assessorias de imprensa), do chavão de “futebol e política não se misturam” e “futebol é um passatempo alienante”.

palestina

Existem três categorias de produtos: “Dissenters”, camisetas que aludem a movimentos políticos anti-establishment, como o da libertação da Palestina, movimentos pró-GLBT, memorial da Guerra Civil Espanhola, movimentos de afirmação de raça entre outros. “Philosophers” apresenta camisetas com dizeres de filósofos a respeito do futebol, como Slavoj Zizek, Mario Vargas Llosa, Baudrillard e Derrida.

emancipation

Por fim há a seção “Footballers”, que contempla camisetas com dizeres de grandes personalidades do futebol inglês (o site é inglês) como Harry Redknapp, Matt Busby, Bobby Moore, Arsène Wenger, Jock Stein entre outros.

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Além das camisetas o site vende livros, souveniers e cards, sempre com a temática anti-establishment preconizada pelo site.

Os únicos pontos negativos são o fato dos dizeres das camisetas estarem (obviamente) em inglês, portanto poucas pessoas poderão se deleitarem com a argúcia dos filósofos futebolistas, e o preço estar em libras esterlinas. Afinal de contas, com o frete internacional ele deve beirar o estratosférico ao chegar no Brasil.